domingo, 1 de maio de 2011

O Beto do Guarany (ou O Guarany do Beto)

Beto, ao lado do velho Rosauro Zambrano
              O Teatro Guarany está completando 90 anos de existência. A efeméride tem dado ensejo a comemorações e, até, a uma campanha no sentido da efetiva revitalização do teatro. O DP de hoje trouxe uma matéria sobre o assunto, nas páginas centrais do caderno Estilo. Nela, a jornalista Cíntia Piegas demonstrou muita sensiblidade, identificando o lado humano do velho prédio de cimento penteado da Lobo da Costa. Sem pieguice, boa parte do seu texto se ocupou daquele cuja a própria existência se confunde com a do teatro/cinema ao qual há quase seis décadas se dedica.
         Um pouquinho de justiça, de reconhecimento:
             
              Dois casamentos desfeitos pela relação de cumplicidade entre Adalberto Chagas, 78, e o Theatro Guarany. Beto, como é conhecido, é de pouca fala, ams basta quetionar sobre a história do espaço, para empolgantes recordações virem à tona. Dos 90 anos do Guarany, o funcionário acompanha quase seis décadas. São 57 anos dedicados ao trabalho que iniciou com a montagem de bailes. Beto esteve presente em momentos marcantes do teatro e, para ele, a memória do local estánas placas ao longo do corredor de acesso à plateia. "Isto aqui é história", ao apontar para a homenagem à mestrina Gianelle que aos seis anos foi regente de uma orquetra, em 30 de setembro de 1950. "Bidu Sayão esteve por aqui em setembro de 1933. A bailarina Eleonor Oliveira, em 1969. Em 62 foi época das grandes Companhias", lembra com nitidez o funcionário ao detalhar os fatos, inclusive da apresentação da obra O Guarany, em 1990 com os bailarinos Ana Botafogo e Paulo Rodrigues, acompanhados pela Ospa e pelo maestro Túlio Belardi.
              O grande fenômeno de público, na opinião de Beto, ficou por conta da apresentação do humorista José vasconcellos, nos anos 60. "Ele fez três sessões no Theatro Sete de Abril com o show "Eu sou o Espetáculo", todos com ingressos esgotados. Na segunda, resolveu fazer uma apresentação extra no Guarany, que só no boca a boca teve todos os ingressos vendidos", recorda. Este fenômeno de público chamou mais a atenção de Beto do que o show do rei Roberto Carlos, em maio de 2002.
              Com o Cine Pelotas Ltda Beto não só se identificou com o seu trabalho, mas descobriu uma nova paixão: o cinema. De subgerente conquistou o posto principal, supervisionou a empresa que exibia filmes na mesmasemana do lançamento nacional. A revisão do filme, que 24 horas antes da estreia já estava no teatro, era imprescindível. "Se tivesse alguma falha, voltava. Na questão da imageme som nós tínhamos muita qualidade". conta com orgulho. Da antiga cabine de projeção, o então gerente explicou que na década de 70, a grande novidade era o som estereofônico e no meio do filme, o áudio passava a ser emitido pelas caixas instaladas ao redor da plateia do Cineteatro. "A aparelhagem foi importada da Itália. Parecia que a pessoa estava dentro do filme."
              As sessões eram de segunda a sexta sempre à tarde e à noite. A sensação era a exibição de sábado à meia-noite e a de domingo, às 10h. "Dólar Furado" e os "Dez Mandamentos" fizeram sucesso, mas foi o filme "Se Meu Fusca Falasse" que bateu recorde de bilheteria e lrvou no dia 20 de setembro de 1970, 4.274 pessoas ao cinema. O borderô virou até quadro para enfeitar a sala do funcionário. No dia 24 de outubro de 1996, o filme "A ilha do dr. Moreau" encerrou as atividades do Cine Pelotas Ltda, com um público de 31 pessoas.

Em tempo: o Beto é o pai da Fernanda, minha mulher. O filme favorito dela é Cinema Paradiso.

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