segunda-feira, 23 de abril de 2012

Bajofondo Tango Club

       Ouvi num programa de debates (daqueles "audiência zero"), em um final de tarde, num canal de TV de Porto Alegre:

"os uruguaios adoram o tango
porque todo tango acaba
com um argentino morto ou traído" 

Maratona de "queer tango" em Buenos Aires  (http://www.ohbuenosaires.com/weblog)

sábado, 21 de abril de 2012

Olho por olho...

  Enfim começou a vingança farroupilha contra os Assis Moreira. O "garoto Assis" e seu irmão dentuço jamais serão perdoados (não só pelos gremistas, mas por todo esse pampa) pelo fato de terem optado por assinar contrato com o Flamengo e não com o clube que está se mudando para as margens da freeway. Regozijam-se os gaúchos em geral pela notícia de que Assis foi condenado por sonegação de impostos e remessa de grana para paraísos fiscais.
     Ôpa... isso me lembra a história do "Inimigo nº 1 da América", Al Capone. Foi "somente" por problemas com o fisco que os intocáveis acabaram metendo o gângster de origem italiana atrás das grades, saciando a sede moralizadora da sociedade do irmão do norte.
    Cuidado Luxemburgo: não mexas com o orgulho deste povo, cujas façanhas servem de orgulho a toda terra!

O capitão das trevas*

  Na partilha da áfrica, o rei Leopoldo da Bélgica recebeu o Congo como propriedade privada.
  Fuzilando elefantes, o rei transformou sua colônia na mais pródiga fonte de marfim; e açoitando e mutilando negros, ofereceu látex abundante e barato para a borracha dos pneus dos automóveis que tinham começado a rodar pelos caminhos do mundo.
  Ele nunca foi ao Congo, por causa dos mosquitos. Já o escritor Joseph Conrad foi. E em Coração das Trevas, seu romance mais famoso, Kurtz foi o nome literário do capitão Léon Rom, oficial de elite da tropa colonial. os nativos recebiam suas ordens de quatro, e ele os chamava de animais estúpidos. na entrada de sua casa, entre as flores do jardim, erguiam-se vinte estacas que completava, a decoração. Cada uma ostentava a cabeça de um negro rebelde. E na entrada e seu escritório, entre as flores de seu outro jardim, erguia-se uma forca que a brisa balançava.
  Nas horas livres, quando não caçava negros nem elefantes, o capitão pintava paisagens a óleo, escrevia poemas e colecionava borboletas.

* Eduardo Galeano, em "Espelhos - uma história quase universal" (L&PM, 2008)


  Mantendo a centenária tradição europeia, o Rei de Espanha, Juan Carlos de Lo Carajo a Cuatro, esteve caçando elefantes em Botsuana, na África, recentemente. O fato ganhou os noticiários internacionais porque o soberano ibérico acabou sofrendo uma queda durante o safári e quebrou um osso de seu real esqueleto.   
  Quanto à caçada, como se vê no texto de Galeano, trata-se de velho e arraigado costume. Fodam-se os elefantes e foda-se também a negada africana... e todos os que não gostarem disso! Que se calem, como o Rei já ordenou a um certo presidente de uma república sul-americana qualquer.
  Ah, nas horas vagas, quando não está caçando elefantes, Juan Carlos é o presidente de honra da WWF (World Wildlife Fund) Espanha, conhecidíssima ONG que atua em defesa dos animais.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Novo rítchemo...

O bundamol
- a versão guasca do kuduro -
invadiu nossos CTGs


Oi, oi, ô...

Exposição de fotografias

   Amanhã, a partir das 17 horas, no Centro Cultural  CEEE Erico Verissimo (Rua dos Andradas, 1223), em Porto Alegre, Mario Osório Magalhães estará autografando seu livro História e Tradições da Cidade de Pelotas. Simultaneamente, dar-se-á a abertura da mostra de fotografias do Alexandre Schlee Gomes (algumas das quais ilustraram o livro do Mario).
   Quem  costuma acessar este blog já teve a oportunidade de ver algumas fotos do Alixa, que a cada dia se revela mais sensível nessa arte de captar não só o bonito, o lírico, mas - geralmente - cenas insólitas do cotidiano (que, não fosse pelos olhos/lentes dele, nos passariam despercebidas).


   O convite que recebi, estendo aos leitores do Bipolar Flexível, especialmente aos que são de Porto Alegre. Aproveitem!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pigmalião 70


Quando fiquei sabendo que o Palácio do Som ia fechar, juntei uns trocados, e fui lá. Todos os elepês que restavam estavam amontoados sobre um balcão. Pilhas deles. Baratos. Escolhi, escolhi e comprei... só um: Vinícius e Toquinho. Era o que dava para pagar com minhas moedas.

Por ter passado no vestibular, em 1977, ganhei do Tio Claudio um presente: uma grana, que usei para comprar - na finada Beiro - o ótimo Refestança (do Gilberto Gil e da Rita Lee) em fita cassete.

Depois, época de vacas mais gordinhas, comecei, verdadeiramente, minha coleção de elepês. Como trabalhava longe, em Panambi, chegava em Pelotas na madrugada dos sábados e cedinho já estava na Trekos para a garimpagem. Meu irmão e meu primo Alexandre  pesquisavam em Porto Alegre - onde estavam estudando - e me traziam maravilhas de sebos da capital.

Mesmo quando apareceram os cedês e os elepês praticamente deixaram de ser produzidos, mantive minha discoteca intacta (sequer descartando aqueles que também passei a ter na "nova" tecnologia).

Semana passada - numa onda de nostalgia - fui até a Woodstock, loja de "discos usados" do Marquinho, que fica ali na General Teles, além da Casa do Estudante. Resultado: pontas dos dedos sujas da poeira histórica dos discos e nove bolachões velhos-novos na minha eclética estante. Curiosamente, todos dos anos setenta. Os de estreia da Simone, da Carly Simon (solo) e do Hermes Aquino; um "ao vivo" do Paul Simon; Grand Funk Railroad ("We're an American Band"), Moody Blues ("On the Thereshold of a Dream") e duas coletâneas, do Steve Wonder e da novela Saramandaia (esta contendo "Canção da Meia-Noite", com os Almôndegas, e Pavão Mysteryozo, com Ednardo). Ah, e Cerrone 3, do tempo da disco, com a superlonga "Supernature" (cujo "clip" - que vale a pena ser buscado no YouTube - é o troço mais esquisito do mundo).

De quebra, Marquinho baixou na hora e gravou para mim um cedezinho com quatro músicas originalmente gravadas por Evinha (aquela do Trio Esperança) em um jurássico compacto duplo. Há muito tempo eu procurava uma dessas, "Pigmalião 70", dos irmãos Marcos e Paulo Sergio Valle. Muito bacana (diria Caetano). Quem se lembra?

terça-feira, 3 de abril de 2012

Uma dose de vida com dois dedos de sentido (por Ângelo Alfonsin*)

ando assim
meio metade
e meia
um pouco menos
do que menos
muito mais oco
do que três nadas
um dentro do outro
minha casa uma oca
Coca-Cola derramada
na cola da formiga
que reclama da impureza
da droga
minha cara 
maquiada de ressaca
e desmemória
ela virou a casaca
me trocou
entupida de Contreau
por um quilo de entrecot
a calcinha dentro da geladeira
deixou para quador
café com lingerie
alta dose de glicose
preciso comemorar a desordem
que me organiza 
e a dúvida que impede
o tédio dos acomodados
minhas crises de abstinência em escrever
me levam ao "delirium tremulum"
se não ingerir duas doses puras sem gelo
de poesia em jejum
antes mesmo de qualquer prosa


*Poesia colhida no http://aalfonsin.blogspot.com.br/, agora "tri-moderno". Parem tudo que estão fazendo e vão ler o Irresistivelmente Inútil