quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tradições

     Ao noticiar a abertura da 20ª Fenadoce, o Diário Popular de hoje diz que "o posteiro da invernada adulta [do CTG União Gaúcha João Simões Lopes Neto] Mauro Real Heidrich explica que o grupo irá apresentar a coreografia "Baile das Velas do Imperador", que retrata a festa organizada para o Imperador Dom Pedro II e sua filha, a Princesa Isabel, quando visitaram Pelotas. Durante a dança são utilizados 12 castiçais de 2,5 metros de altura". Informa, ainda, que "esta coreografia conquistou em novembro de 2011, no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (ENART), em Santa Cruz do Sul, o 2º lugar do festival. Durante o baile, conta o posteiro, o Imperador concede títulos de nobreza aos charqueadores".
   Como se percebe, "nossos" valentes centros de tradições continuam a glorificar "nosso" faustoso passado, de bailes e saraus, de visitas da nobreza imperial e, especialmente, de concessões de títulos de nobreza.
      O que não lhes convém lembrar é o que alguém escreveu na parede frontal de uma casa antiga, ali na Gonçalves Chaves (que ironia!), passando a Miguel Barcelos: 

"Famílias importantes de Pelotas
são fruto do sangue negro!"

segunda-feira, 28 de maio de 2012

COMEMORA 40 MIL ACESSOS
Segundo a Flor, a ombudswoman do blog,
35 mil acessos divididos entre o próprio editor, o Vaz e o Ângelo. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Trabalho escravo e esterco

Fotografia de Cícero R. C. Omena

     Nesta semana a Câmara dos Deputados aprovou (360 votos a favor, 29 contra e 25 abstenções) a PEC 438. Trata-se de proposta de emenda à Constituição Federal que virá possibilitar ao Estado a expropriação de imóveis rurais e urbanos onde a fiscalização constatar – e a Justiça confirmar – a existência de exploração de trabalho em condições análogas à escravidão. Essas propriedades deverão ser destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular.
     A chamada "bancada ruralista" tentou esvaziar a sessão, porém o quórum foi alcançado mediante o compromisso do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), de que o Congresso formará um grupo de trabalho para redigir, paralelamente, um projeto de lei que esclareça o conceito de trabalho escravo e os trâmites legais para sua punição.
    Convém lembrar, como fez o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) em plenário, que a Constituição já garante o trânsito em julgado e a ampla defesa aos acusados (não se cogitando, portanto, da hipótese de que alguém venha a perder sua terra em decorrência do arbítrio dos fiscais do trabalho).
     Na bancada gaúcha, os deputados Luis Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) foram os únicos que votaram contra a PEC. Outros seis valorosos representantes deste povo farroupilha, alinhados à turma do Ronaldo Caiado (DEM-GO), sequer compareceram à sessão: Onyx Lorenzoni (DEM), Nelson Marchezan (PSDB), José Otávio Germano (PP), Afonso Hamm (PP), Vilson Covatti (PP) e Jerônimo Goergen (PP).
    Ouvido pela Zero Hora, Heinze disse que "não há trabalho escravo no Rio Grande do Sul. Mas, da forma como ficou, o fiscal pode interpretar que tem. Na lavoura, há períodos em que se trabalha 12 horas ou mais. Eu faço isso desde os seis anos. E hoje estou com 61". Questionado sobre o recebimento de cerca de R$ 403 mil de doações de ruralistas para sua campanha de ruralistas, confirmou que "o pessoal que me ajuda é ligado ao agronegócio. É para quem eu trabalho. cada um atua na sua área. As minhas contas estão abertas, não tem sujeira".
    Também à Zero Hora, Alceu Moreira justificou-se: "votamos contra porque não foi possível mexer no art. 149, que trata da tipificação. Precisamos definir o que é uma jornada exaustiva e degradante. Um esterco de vaca em um escritório de advocacia é degradante, mas, no campo, não é. A lei tem de ser mais específica".
  Impressionante a qualidade da comparação feita pelo peemedebista, mostrando sua facilidade na abordagem de assunto que lhe é tão familiar: a merda.

terça-feira, 22 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O prato de Almeria (por Marcos Rolim*)


       A Comissão da Verdade é a chance histórica do Brasil vencer o silêncio e produzir a vergonha.
       Há quem não goste da ideia. Os que são contra a Comissão insistem na mentira, porque ela é sua única defesa. Começam a mentir quando falam que a Anistia “foi fruto de acordo” que significou perdão para “os dois lados”. A Lei, entretanto, foi imposta pela ditadura a um Congresso manietado, recebendo 206 votos favoráveis e 201 votos contrários. Um belo “acordo”, não? A oposição votou contra o projeto, porque não se tratava de anistia, mas de auto-anistia. A ditadura queria impedir que seus crimes fossem conhecidos e julgados. O resto é história para boi dormir. Quem tiver dúvida, basta ler o § 2º do art. 1º da Lei 6.683/79 que diz: “Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal”.  A extrema-direita afirma e os ingênuos repetem que a anistia “pacificou” o País.  A lei da anistia é de 1979. Alguns anos depois, o Brasil viveu um surto de terrorismo praticado por militares que se opunham à “abertura”. Dois deles tentaram explodir o Rio Centro na noite de 30 de abril de 1981, onde milhares de pessoas assistiam a show alusivo ao 1º de maio. A bomba, entretanto, explodiu no colo de um sargento. Seu companheiro de “acidente de trabalho”, o então capitão Wilson Dias Machado é, hoje, coronel do Exército e atua como “educador” no Colégio Militar de Brasília.  Antes, em 27 de agosto de 1980, a senhora Lyda Monteiro, secretária da OAB, foi despedaçada ao abrir uma carta-bomba endereçada ao presidente da Ordem, Eduardo Seabra Fagundes. Os responsáveis por estes crimes, entre tantos outros praticados antes e após a anistia, nunca foram responsabilizados, sequer processados.
       A Comissão da Verdade foi proposta pela 3º edição do Plano Nacional de Direitos Humanos, de 2009. Virou projeto de lei aprovado pela Câmara e pelo Senado após incorporar várias emendas da oposição. Para os mentirosos, este processo é “viciado”. A presidenta Dilma indicou os membros da Comissão, na forma da lei, escolhendo pessoas de notória capacitação e dignidade. O desafio não é o de punir, mas o de revelar. Não importa, o processo segue sendo “viciado” para as viúvas da ditadura. Compreende-se.  O difícil para os amantes do silêncio é a perspectiva do horror vir à tona, como aquele prato de que nos falou Neruda em Almeria “com restos de ferro, com cinzas, com lágrimas, um prato submerso, com soluços e paredes caídas”, todos os dias, ao café da manhã. Quando isto ocorrer, o Brasil terá atravessado o espelho da dor infinita dos que não puderam enterrar seus mortos e que, ainda hoje, são obrigados ao cinismo dos que negam a existência da tortura. A Comissão não deve se furtar ao exame de quaisquer das graves violações aos direitos humanos praticadas no período, independentemente de sua origem ou motivação ideológica. Mas, por óbvio, seu foco é o terror de Estado, porque é este que não se sabe. Ao final deste processo, o Brasil terá mais consciência sobre si mesmo e haverá na opinião pública mais apreço pela democracia e menos espaço para os covardes.

*Este texto foi publicado numa das edições de Zero Hora do fim-de-semana passado. Exatamente no seu verso, em outra coluna, Flávio Tavares trata do mesmo tema e, à certa altura, diz: "... a Comissão da Verdade, constituída pela presidente Dilma, evitará que se ignore o que ocorreu no passado recente para, assim, saber por que o Estado violou seus próprios princípios e usou o terror para assegurar o poder. Mesmo investigando violações aos direitos humanos cometidas desde 1946, é óbvio que a Comissão concentrar-se-á nos anos da ditadura surgida em 1964. Deverá penetrar fundo, porém, e ir à verdade do ponto de partida: quem incitou ao golpe militar? Por que a esquadra dos Estados Unidos zarpou rumo ao Brasil em apoio aos golpistas? Quem ensinou a abjeção da tortura a um setor das Forças Armadas? Quem treinou e preparou os torturadores e a mando de quem? Bastam essas premissas para desnudar a tortura e os assassinatos cometidos em nome do Estado, como se o crime salvasse a humanidade. (No quartel em que fui torturado no Rio de Janeiro, a máquina do choque elétrico tinha a insígnia da Aliança para o Progresso e uma inscrição: Donated by the people of United States)."  

domingo, 20 de maio de 2012

Quando os soldadinhos eram de chumbo (por Ricardo Chaves*)

  Sou da "classe de 51", como me classificaram os militares encarregados do meu alistamento militar. Acabei dispensado, por excesso de contingente. Mas o que eu queria dizer é que a minha geração, quando criança, talvez tenha sido a última a brincar com soldadinhos de chumbo.
  A alegria de ganhar a caixinha, abri-la e ver as pesadas figurinhas coloridas encaixadas na cartolina.
  Deitar no chão e colocar os soldadinhos em formação. Imaginar batalhas.
   Na metade da década de 1960, o chumbo, por tóxico, foi banido da fabricação de brinquedos. Poderia provocar saturnismo, anemia, hepatite, disfunção renal, encefalopatia (até redução de QI, o que, no meu caso, explica muita coisa). Também se iniciavam as preocupações antimilitaristas da politicamente correta campanha "não dê armas ao seu filho". Então, o plástico chegou para ficar.
   Alguém talvez lembre do conto O Soldadinho de Chumbo, de Hans Christian Andersen (1805-1875). A história acaba em tragédia, com o soldado perneta derretido numa lareira, junto à bailarina. Na época, fazia sentido.

*Texto extraído do "Almanaque Gaúcho", da Zero Hora de sexta-feira (18/5).


   De fato, na década de 60, a primeira da minha vida, os brinquedos feitos de chumbo já estavam em baixa. A "matéria plástica" entrava com tudo, inclusive na área dos artefatos direcionados às crianças. Especificamente, os soldadinhos pesados - a maioria daquela cor prateada (que a oxidação fazia com que, com o tempo, fosse escurecendo, preteando) - passaram a ser substituídos no gosto da gurizada, gradativamente, pelos caubóis e índios de plástico, coloridos com tintas vibrantes. O Forte Apache, com a 7ª Cavalaria completa, era item que acendia o desejo de todos.
    Assim, os soldados da Guerra do Paraguai e outras figuras de chumbo que ainda eram vendidos na Casa Lago (Sete de setembro com Osório) passaram a ser desprezados, até desaparecerem (antes mesmo do encerramento das atividades da saudosa casa comercial).
  Hoje, os soldadinhos de chumbo são relíquias, objeto de colecionadores em todas as partes o mundo. Criança nem sabe o que é isso.
    Os meus não são contemporâneos de infância. Já os comprei bem grandinho, saudosista e com a culpa de não ter dado valor aos de chumbo que troquei pelo Bat Masterson, pelo General Custer ou pelo Touro Sentado feitos de plástico.
   Porém, em uma velha caixa transparente, de cotonetes, guardo o que sobrou de um plantel originalmente composto por duas dúzias de cavalos de corrida de diversos pelos, com seus jóqueis envergando coloridas jaquetas. Apenas dois deles encontram-se completos, com as quatro patas, rabo e cabeça do jóquei intactos. Os demais, coitados, não contam com pelo menos um desses "itens". Vieram em três levas, em distintas viagens que o pai fez ao Rio de Janeiro (que era muuuito longe, nos anos 60, 70): os dez primeiros; outros dez, numa segunda ida e, por fim, os dois últimos, mais bem acabados. À volta da mesa da sala, em uma pista ali montada, protagonizaram emocionantes páreos. Importante: cada cavalo tinha seu nome e, conforme os resultados obtidos, passavam de uma turma para outra, compondo os diversos páreos dos programas montados pelo pai. Ah, era um dadinho que definia, de 1 a 6, quantos corpos o cavalinho avançava, a cada vez, na corrida.
    Nos Anos de Chumbo, grandes tardes de turfe... de chumbo!

O "crack" Verdugo, sobrevivente (completinho),
faz um "canter" especialmente para o Bipolar Flexível
Neste nostálgico páreo, puxando o pelotão vem Espanhol,
seguido de perto pelos tordilhos Botafogo e (por fora) Arroio Malo...
 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Obituário

    Lá no final dos anos 70 eu não ouvia Led Zeppelin, nem Deep Purple. Ouvia Donna Summer.
O cara tem que ser muito macho para confessar isso! É verdade, eu gostava daquela música - tida por descartável - feita para dançar (e eu nunca dancei!).
    Custou-me caro o ótimo LP duplo Bad Girls (que teve a faixa Our Love danificada, de cara, pela agulha rombuda do nossa (sempre aqui tão lembrada) eletrola Hot Point.
   Confesso, também, que vi (e revi, na sessão seguinte), lá no finado Cine Rádio Pelotense, Thank God It's Friday, em que Donna Summer atua como atriz (?). Está bem, o filme é uma droga, mas os filmes ruins também têm o direito de ser gostados por alguém, passando, então, à categoria "cult". Na minha lista dos "10 mais cults" Thank God está escalado.


    Donna Summer morreu hoje.
  Como homenagem, sugiro que se coloque para rodar, alto, MacArthur Park Suite, do álbum preto Live and More.

Susto

    Passava um pouco das 10 horas, ontem, à noite. Voltávamos para casa. Então, precisando comprar uns remédios, paramos o carro no pátio do Posto Ipiranga da Avenida Bento Gonçalves com a General Osório. Bem na frente da farmácia Panvel que ali funciona. Pouco movimento, fomos atendidos por uma funcionária. Em seguida, minha e mulher e minha filha dirigiram-se ao caixa, na entrada da loja, para pagar pelas compras. Eu, bem pertinho, fiquei as aguardando junto à porta.
    Não vi, porém, quando um cara passou por mim e, quase do meu lado, posicionou-se entre a Fernanda e o balcão do caixa.
    Não vi quando ele, com a mão do bolso do blusão (indicando que portava um revólver), mandou que a atendente lhe passasse todo o dinheiro.
    Não vi quando exigiu que lhe passasse, também, as moedas.
   Somente ouvi quando ele mandou que eu não saísse da loja. Aliás, só entendi essa ordem quando ele a repetiu, momento em que percebi - vendo que ele enfiava nos bolsos um maço de notas de dinheiro que a moça, em pânico, lhe estendia - que se tratava de um assalto.
    Antes de sumir rua a fora, o ladrão passou por mim. Sei dizer, apenas, que era negro e vestia um moleton azul, desbotado. Em menos de um minuto, deixou-nos todos impotentes.
    Ninguém ficou ferido no episódio. Somete a féria da farmácia foi levada. Mas a experiência - por sua violência intrínseca - deixou a todos marcados. Muito triste. Assustador.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Carequinha

       A Unicred Pelotas está comemorando 15 anos de existência (noticia o DP). Por isso, na próxima quinta-feira, no Theatro Guarany, patrocinará o "IIº Seminário de Cooperativismo de Crédito de Pelotas", cuja principal atração será a presença do ex-Ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega.
     Conforme apurado por este blog (é a pura verdade!), Dr. Mailson exigiu, como condição para tal participação, trinta seguranças.
       Não tenho dúvida de que esse batalhão de massarandubas é absolutamente indispensável... para nos proteger do insigne pensador neo-liberal (e criador da Praça da Alegria).

Durante a campanha presidencial de 1989 (época em que a inflação dava um olé no então ministro Mailson), Diário de Natal publicou essa charge de Claudio de Oliveira

Grandes quadrinhos


Luis Fernando Verissimo
(ZH de ontem)
- Grande ideia, vir para um motel
- Longe de filhos, netos, empregada, telefone...
para fazer o que a gente quiser

sábado, 12 de maio de 2012

A chave do tamanho (por Diana Corso*)

       Tardiamente, fui conhecer Brasília. Temos, eu e ela, certa identidade: de gêmeas separadas ao nascer, mesmo ano. Devo dizer que me inquietou ao vê-la, cinquentona como eu, meio caidaça. Espero que os paralelos não sejam tão óbvios. Mas o que realmente me surpreendeu foi o tamanho dos prédios, aqueles que são ícones da nossa nacionalidade. Esperava muito ver ao vivo o Palácio da Alvorada, o Itamaraty, a Catedral, o Congresso. Suas imagens povoam minha memória, estampadas em jornais, selos, moedas, na televisão. Desde que me entendo por gente, são sinônimo do país, erguidos para encarnar o progresso e a grandeza da pátria. Cresci acreditando nisso. Eles são mesmo bonitos, mas surpreendentemente menores do que supunha. Entenda-se: não são pequenos, minha imaginação era superlativa. Vivi sentimento idêntico ao entrar em lugares da infância, aos quais a memória preserva a grandeza. Espichamos e esquecemos que crianças sofrem de nanismo, para elas tudo é grande e inacessível. Alguém se lembra, por acaso, como é não saber o que há em cima da mesa?
       Impossível não evocar A Chave do Tamanho, de Monteiro Lobato. Nessa história, tentando acabar com a guerra (foi publicado em 1942), a boneca Emília vai para a Casa das Chaves, reguladoras de todas as coisas do mundo. Queria achar e desligar o controle do conflito bélico que, além de mundial, parecia não ter fim. Por acidente, acaba ativando uma chave que controla o tamanho dos seres humanos, que ficam reduzidos a dois centímetros de envergadura. Entre os inúmeros perigos, a pior das desventuras da boneca ocorre com duas crianças que ela encontra, cujos pais acabam sendo devorados pelo próprio gato da família, na frente dela. “A mudança de tamanho da humanidade vinha tornar as ideias tão inúteis como um tostão furado”, filosofa a boneca. Aliás, ela sobrevive graças à esperteza de perceber que tudo deve ser avaliado em outra escala.
      Depois que crescemos, pessoas, objetos e lugares encolhem. Só mesmo nosso desamparo mantém a envergadura. Ele não desaparece quando alcançamos os trincos das portas. Quando pequenos, há pessoas grandes, que supomos protetoras; depois, tudo e todos perdem o porte. Assim, quem olhará por nós? A pequenez nos angustia, preferimos delirar a grandeza. Mas grande mesmo é a sabedoria da Emília: a chave é o tamanho. Mostrar aos homens que na verdade são insignificantes é uma ótima ideia para acabar com as guerras. Afinal, elas nascem da onipotência, de se achar maior que os outros. Escalas são pontos de vista e variam. Um dia é do dono, outro é do gato.

*Crônica publicada quarta-feira (9/5) na Zero Hora


     Achei ótima essa crônica da Diana Corso, publicada na quarta-feira passada na Zero Hora. Cinquentão como a autora, experimentei a mesma sensação dela quando, há somente pouco mais de três anos, conheci (a também cinquentona) Brasília. Nada, lá, é tããão monumental como sempre imaginei! A escala real não corresponde à escala criada no imaginário de quem cresceu como contemporâneo da Capital Federal.
     No mais, "A Chave do Tamanho", de Monteiro Lobato, foi o primeiro livro que li na vida! Não sei o porquê, li-o antes mesmo do "Sítio do Pica-pau Amarelo", o qual já tinha ganho de presente em aniversário anterior (pois é: naquele tempo as pessoas davam livros de presente de aniversário às crianças).




     Então, hoje de manhã, fui lá na casa dos meus pais, ver se ainda encontrava "A Chave  do Tamanho" na biblioteca. Somente com a ajuda do pai (a organização dos livros nas estantes está caótica), achei  o que procurava. Junto, encontrei outro livro, companheiro de infância: "História do Brasil para Crianças", de Viriato Corrêa. Folheando as páginas amarelecidas dessa obra cujas ilustrações me são, ainda, familiares, deparei-me com algo de arrepiar. É que, entre as páginas 226 e 227, exatamente no capítulo "Treze de Maio" (sobre a Abolição da Escravatura) encontrei uma pétala de rosa (que um dia foi vermelha), seca. Incrível: essa pétala está dentro desse livro há mais de quarenta anos. Foi minha mãe que me deu, dizendo "guarda dentro de um livro e quando a vires sempre vais lembrar da tua mãe". Na época, gurizinho, isso me impactou, me entristeceu, pois entendi o que ele quis dizer (muito além do que disse). Hoje, mais do que a coincidência da data e seu outro significado (13  de maio/Dia das Mães), fico feliz de ter encontrado acidentalmente a pétala seca e ter podido, com a mãe, compartilhar esse momento impressionantemente mágico.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sarkozy e as uvas

      Faminta, a raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva (pois a safra tinha sido ótima). Vendo as parreiras cobertas de grandes cachos, a raposa lambeu os beiços. Porém, por mais esforço que fizesse, não conseguiu alcançar as frutas. Cansada do esforço inútil, desistiu das uvas, dizendo: "Por mim, quem quiser que fique com essas uvas. Não as quero, estão verdes, azedas. Ainda que me dessem, não as comeria".

       Conforme noticiado pela Agência Ansa, tão logo tomou conhecimento de que as pesquisas de boca de urna já o davam como perdedor das eleições presidenciais francesas, Nicolas Sarkozy, explodiu com seus assessores. "Perder é sempre difícil, mas pensar que vamos deixar os socialistas administrarem esse monte de merda tem algo de delicioso", disse o presidente aos mais fiéis correligionários, sem ser gravado, na noite da derrota. "A transição deve acontecer o mais rápido possível. E depois, viva a vida verdadeira", teria ainda acrescentado.

domingo, 6 de maio de 2012

Allons enfants...

       Antigamente, quando eu era guri, havia lá em casa um disquinho de papel que tinha, só de um lado, a gravação do hino francês. Do tamanho de um "compacto simples", todo pretinho, colocado na velha eletrola Hot Point, tocava a inconfundível Marseillaise. Não sei que fim levou essa relíquia. Nunca mais vi (muito menos ouvi) o tal disquinho. Se hoje ainda o tivesse, limparia seus frágeis sulcos com um pano macio e, em homenagem muito mais à "deseleição" de Sarkozy do que à eleição de Hollande, o colocaria a rodar sob a agulha do meu toca-discos.

                   Vive la France! Adieu, Sarkozy!

- Mais essa agorra...

terça-feira, 1 de maio de 2012

Estrupo!

       Li no Terra, há pouco, que uma alemoa-coroa-tarada "fez mal" a um negão. Consta na notícia que "um homem foi encontrado pela polícia chorando nas ruas de Munique, na Alemanha, depois de uma noite de sexo. As informações são do Mirror News. Segundo os policiais, o homem, de origem africana, estava do lado de fora do apartamento da mulher e, exausto após 36 horas de sexo, teria dito: "Eu a conheci e ela me convidou para vir aqui. Oh, Deus, foi um inferno. Eu não posso andar. Por favor, me ajude". A mulher  foi levada ao hospital para observação psiquiátrica."
     Abaixo, o flagrante em que a messalina tedesca assediava, com indecorosa proposta, sua incauta vítima cor de ébano... 

"- Vem conhecerr mein Bundesliga...
vai serr uma loucurra!"