sexta-feira, 30 de março de 2012

Uma Noite no Museu 3

Foto de Fernanda Schlee

Compadecido com as reivindicações dos funcionários municipais,
para as quais o prefeito está se lixando,
o Coronel Pedro Osório
meteu a mão no bolso e bradou:
"- Adolfinho, deixa que eu pago!!!!!"

Surrealismo

Outra (grande) fotografia do Alexandre

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ninguém vai mais conseguir sair de casa (Fabrício Carpinejar*)

       Eu faço a mão esquerda para não lavar louça. Cansado da chantagem da mulher, que fugia de nossa combinação para não estragar o esmalte das unhas.
       Mas a situação está ficando fora de controle. Tenho saudade do Kiss e do Secos e Molhados, quando homem pintado se restringia à figura do artista.
       O homem decidiu se depilar. Inicialmente, foi um ato singelo de clarear os pelos, de brincadeira. Em seguida, disse que precisava raspar tudo para nadar mais rápido. O mesmo ocorreu com o batom, que teve seu começo ingênuo com a manteiga de cacau.
       De desculpa a desculpa, chegamos à drag queen.
       Agora, o macho partiu para a maquiagem. Inventou de ser emo para sair decorado. Mas emo com 40 anos não existe, é projeto de Liza Minelli. Vejo senhores piscando olhinhos de urso panda na fila do cinema. Temo que não seja lápis, e sim delineador. O lápis é curiosidade, o delineador é uma convicção.
       O último bastião da heterossexualidade é o rímel. Se o homem pegar emprestado o acessório de sua mulher, mata definitivamente Jece Valadão. Se emprestar o rímel para a mulher, leva junto o Zé do Caixão:
       – Amor, você pegou meu rímel e não devolveu!
Imagine a força dessa frase dentro do lar. O eco dessa exclamação na estrutura familiar.
       Os colegas aparecem cada vez mais atrasados no campinho da Avenida Ceará. Tem cara que toma banho antes de jogar. Os peladeiros passam protetor solar no rosto, creme nas mãos e nos pés. Querem atuar perfumados e com condicionador nos cabelos. É estranho, não alcanço o sentido de se embonecar no futebol. Para não desagradar ao goleiro? Para não ferir o olfato do zagueiro?
       A mulher costuma retardar em 55 minutos a saída de casa para cuidar de sua beleza, segundo pesquisa da revista Times. O homem já demora 45 minutos. Ele se converteu numa noiva. Logo vai exigir um banheiro exclusivo para aproveitar seu estojo de maquiagem. Trocará a churrasqueira por um novo armarinho.
       O avanço é irrefreável.
       Seu marmanjo abusará do espelho, projetando o corpo para frente e para trás, repetindo mania feminina de analisar a progressão das rugas e dos pés de galinha.
       Seu sujeito terá secador e chapinha com nomes nos cabos. Fechará a porta com chave no momento de mijar, algo impensável para seu avô, que entendia que homem que é homem só mijava de porta aberta.
       Seu brutamontes nunca repetirá a roupa. Não poderá acusá-lo de monótono. As sobrancelhas conhecerão as pinças, sombras azuis modificarão a paisagem das pálpebras, esfoliante removerá as células mortas.
       Seu gostosão, enfim, será a tão sonhada irmã que você pediu aos pais.

*Crônica publicada na Zero Hora de 27 de março

Eu tenho uma dúvida: se gosto ou se não gosto do que o Carpinejar escreve. Nem é pelo que ele escreve, por certo. É por causa daquele jeitão dele, que só falta uma melancia pendurada no pescoço. Mas achei muito boa essa crônica aí (talvez pela surpreendente - para mim - faceta "macha" do cara).
 

Logo que li esse texto me lembrei do Laerte, o grande desenhista que de uma hora para outra passou a se vestir de mulher (comportamento que ele chama de "cross-dressing"). Pasmo, já vi o Laerte, vestidinho de tia velha, sendo entrevistado pelo Jô Soares e pela Marília Gabriela, assegurando que se vestir de homem ou se vestir de mulher é mera convenção. E ele prefere andar de saia, boquinha pintada e tal e ninguém tem nada com isso. Dia desses, num restaurante de São Paulo, criou o maior caso porque foi mijar no banheiro feminino. Uma mulher que estava lá com a filhinha não gostou e formou-se a maior confusão. Alegando ter sido vítima de preconceito, Laerte estuda a possibilidade de tomar providências judiciais contra o estabelecimento.

Angeli, outro grande desenhista brasileiro contemporâneo (colega de Laerte na Folha de São Paulo e, com ele e com Glauco, coautor do clássico "Los Três Amigos"), disse, a propósito: "Me divirto com isso, pois o Laerte já tinha essa coisa, vivia falando 'acho que sou bi, sou gay', mas acho que só agora ele encontrou uma saída e eu também estou precisando achar alguma, que não sei qual é, mas com certeza não será me travestir de mulher".

segunda-feira, 26 de março de 2012

Cantareira rides again

Pobre sina rubro-negra
Nem mesmo esfriaram as cinzas do famoso Coalhada e a Rede Globo já tratou de escalar um substituto à altura do antigo ídolo: Jorge Tufão (que estreou hoje, na nova novela das 9). Gordo, com 40 anos de idade e sem nenhuma intimidade com a redonda, o ator Murilo Benício encarna o tal personagem (supostamente um cracão de futebol), que no primeiro capítulo, vestindo uma apertada camisa 10, decide o campeonato carioca em favor do seu time... o Flamengo. As cenas de jogo (num Maracanã virtual) foram grotescas, risíveis - tanto quanto às dos atores-telespectadores torcendo.   

Não se trata de novidade. Tufão é da linhagem de Duda  (outro 10 flamenguista, vivido por Claudio Marzo na preto-e-branco Irmãos Coragem), Pernoca (papel do peludo Tony Ramos, em um episódio da série O Bem Amado), e de Luca (interpretado pelo Mario Gomes na novela Vereda Tropical).

Que coisa, no "país do futebol" nem mesmo a poderosa Globo consegue transportar para a telinha, com um mínimo de qualidade, o nobre esporte bretão.

Pior que o Murilo Benício jogando futebol, só a Xuxa fazendo papel de gaúcha.

sábado, 24 de março de 2012

Fotografia do Alexandre Schlee Gomes

domingo, 18 de março de 2012

Classificados

Lá nos classificados do DP de hoje, no meio daqueles recados de "moças universitárias liberais", encontrei o seguinte:

PROCURO MOÇA BONITA - forte, saiba lavar, assar, andar a cavalo e queira morar para fora, remuneração meu amor e carinho, falar com  Tiago 8128-9696

Alguém se habilita? (ah, saber laçar, ordenhar, tosquiar, fazer alambrado e abrir maracha também será levado em consideração, no caso de empate entre pretendentes...)


quinta-feira, 15 de março de 2012

Extra! Extra! Extra!

       Deu no El Pais (ontem) e na ZH (hoje): grupo de 35 militares uruguaios encontra-se cercado desde sexta-feira passada por beduínos fortemente armados, em El Gorah, na Península do Sinai (fronteira entre Egito e Israel). Esses uruguaios compõem Força Multinacional de Paz e Observações. O insólito fato veio a furo através de entrevista concedida pelos ministros da Defesa e das Relações Exteriores da República Oriental.
        Vejam só, aumentou o contingente! No passado foram 33 "los valientes"!
      A dúvida que me assedia agora é: se os castelhanos mandaram 35 para o Sinai, quem ficou cuidando do mausoléu do Artigas?

Privados do mate pelos ignóbeis beduínos,
os soldados celestes vêm enfrentando séria crise de abstinência.  
        A propósito, isso me faz lembrar uma historinha que o Tio Tato (jaguarense, irmão mais moço da minha Vó Maria e que nunca foi com a cara dos que moram além do Rio Jaguarão) contava:

       O oficial castelhano, nervoso, dirige-se ao seu Almirante:
       " - Señor, hay una insurreición en la Armada!"
       Ao que o jefe contrapõe:
       " - Si? En la popa o el la proa?"

quarta-feira, 14 de março de 2012

Duas polegadas a mais

A miss,
que nada tinha de torta
       Nesta noite de quarta-feira cheia de jogos na televisão, enquanto zapeava pelos canais esportivos dei uma paradinha no 35: a ESPN. É que, naquele exato momento, durante a transmissão de Treze x Botafogo (lá de Campina Grande-PB), ouvi o narrador Rogério Vaughan registrar o recebimento de uma mensagem de "um telespectador de Pelotas, Rio Grande do Sul". Rogério logo foi dizendo que embora conheça várias cidades gaúchas, ainda não esteve em Pelotas, cidade que gostaria muito de conhecer. Informou, também, que Pelotas é a terra de Cícero Melo, o repórter que o estava acompanhando naquela transmissão. Então o Cícero (com um supersotaque carioca) interveio, confirmando que é mesmo pelotense. Brincou que não diria quando, mas que deixou nossa cidade aos quatro anos de idade, quando a família dele se mudou para o Rio de Janeiro. Recomendou que o narrador visitasse Pelotas, "terra do pêssego e de mulheres bonitas, várias misses... Marta Rocha". 
       Vai ver o conterrâneo confundiu a baiana com a torta...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Não fosse a mãe,
Freud teria sido um hans-ninguém.