terça-feira, 3 de maio de 2011

Eles mataram Gerônimo (de novo!)

         Nesse final-de-semana Obama Bin Laden foi fuzilado no quarto em que, até momentos antes, dormia com uma de suas mulheres. Estava desarmado. Consta que seu corpo foi levado para um portaviões norteamericano, onde, consta também, foi lavado e enrolado em um pano branco (quanto respeito!). Depois, consta ainda, foram feitas preces em inglês, logo em seguida traduzidas para o árabe (a troco? havia árabes no portaviões yankee?). Por fim, o corpo de Osama foi jogado ao mar (é? para se encontrar com Ulysses Guimarães?).
          Com caras de quem experimentou um orgasmo simultâneo, o casal oficial, Fátima e Bonner, nos puseram a par de que, enquanto dirigia as ações piratas dos comandos norteamericanos em territórios afegão e paquistanês, o "gabinete da crise"  (formado pelo presidente estadunidense e seu staff) usava expressões em código. Assim, sempre que se referiam a Osama Bin Laden, os "experts" o faziam pelo codinome "Gerônimo". Quando o tal gabinete foi comunicado de que a operação por ele deflagrada no outro lado do planeta havia sido "um sucesso", com a execução sumária de "Gerônimo", tratou de transferir a  informação, definitivamente ao mundo, com o uso da "sigla" E.K.I.A. (enemy killed in action).
         Como se constata, apesar de morto em 1909,  Gerônimo nunca deixou de ser considerado "o inimigo" pelos bravos guerreiros cara-pálidas (inclusive sob a liderança, atual, de um cara-moreninha).
         Dee Brown, no clássico Enterrem meu Coração na Curva do Rio (A dramática história dos índios norte-americanos), reproduziu, na abertura do capítulo 12 ("O Último Chefe Apache"), a seguinte manifestação/desabafo de Goyathlay (Gerônimo):
         "Eu estava vivendo pacificamente com minha família, tinha muita comida, dormia bem, cuidava de meu povo e estava perfeitamente contente. Não sei de onde vieram primeiro essas histórias ruins. Ali estávamos bem, eu e meu povo. Estava me comportando bem. Não matara nenhum cavalo, nenhum homem, americano ou índio. Não sei qual era o problema com a gente que se encarregara de nós. Sabiam que tudo era assim, mas disseram que eu era um homem mau, o pior homem dali; mas o que fizera? Estava vivendo pacificamente com minha família à sombra das árvores, fazendo exatamente o que o general Crook me dissera para fazer, tentando seguir seu conselho. Agora quero saber quem ordenou que eu fosse preso. Rezei à luz e à treva, a Deus e ao Sol, para que me deixassem viver tranquilamente com minha família. Não sei qual a razão que leva as pessoas a falarem mal de mim. Frenquentemente há histórias nos jornais dizendo que serei enforcado. Não quero mais isso. Quando um homem tenta proceder bem, tais histórias não devem ser colocadas nos jornais. Só restam poucos dos meus homens. Fizeram algumas coisas más, porém todos estão mortos agora e não falemos mais deles. Sobraram pouquíssimos de nós."
          No mesmo capítulo, mais ao final, Dee Brown conta que "Casaco de Urso assumiu o comando a 12 de abril de 1886. Com pleno apoio do departamento de Guerra, colocou rapidamente cinco mil soldados em ação (cerca de um terço da força de combate do exército). também tinha quinhentos batedores apaches e milhares de milcianos civis irregulares. Organizou uma rápida coluna de cavalarianos e um custoso sistema de heliógrafos para enviar mensagens através do Aizona e Novo México. O inimigo para ser derrotado por essa poderosa força militar era Gerônimo e seu "exército" de 24 guerreiros que, por todo o verão de 1886, também estiveram sob perseguição constante de milhares de soldados do exército mexicano.".
            Alguém se lembra do filme "O Valente Treme-Treme"? Daquela passagem em que o Bob Hope conta, em pleno saloon, a estória de como, junto com "um milhar", enfrentou "aqueles três piores malandros do oeste"?

             Qualquer coincidência é mera semelhança!      

Um comentário:

  1. Coincidência ou não, o Sistema joga na vala a história de um grande líder, o "renegado" Gerônimo.

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