segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cordel do ilusionismo agalopado*

             Mr. M estava na Praça Coronel Pedro Osório. Para espanto geral da mutidão presente, auxiliado por duas belas partners em trajes sumários, fez ele surgir, por trás de uma cortina de veludo vermelho (igual à futura do Teatro Guarany), o Titanic. Com um passe de mágica, o velho transatlântico voltou à tona, cabendo e boiando surpreendentemente no laguinho de águas fétidas da praça.
            Uri Gheler, então, ascendendo ao tombadilho enlameado do barco, avistou a carcaça do seu capitão e, percebendo a existência de um rústico marcapasso nas entranhas do marujo, concentrou toda a sua força mental naquela peça, tocando-a com a ponta dos dedos. Ao grunhir "funxiona!", em um português carregado de sotaque, fez com que, de imediato, o marinheiro (mesmo fisicamente descomposto pelas décadas subaquáticas), com o peito pulsando, se erguesse e acenasse ao público para, logo a seguir, desfazer-se todo nas tábuas podres do convés.
             Para o atônito povo o prefeito anunciou então, solene, que na próxima sexta-feira, bem cedo, em um hotel de Porto Alegre, oferecerá um café-da-manhã à imprensa gaúcha, oportunidade em que fará um relatório sobre os acontecimentos, bem como a respeito de sua moderna forma de administrar.
             Esses discos voadores me preocupam demais!

* inspiração em Oliveira de Panelas

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