segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Onde anda a...

   
                       SMURFETTER ?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Bem, amigos da Rede Globo...


        Quem viu, viu; quem não viu, agora só no YouTube.
       É, gurizadinha, antigamente valia a pena acordar cedo no domingo para ver as corridas de Fórmula 1. Não era esta coisa enfadonha, sonolenta, de hoje.
        Havia pilotos! Os caras eram "braço".
       E tinha um tal de Nelson Piquet (o maior piloto de todos os tempos!).
       Desculpem-me os sennistas, mas é só conferir no videozinho aí acima. 

O outro Mequinho famoso

       Lendo o texto do Kledir na ZH, que fala sobre o Henrique da Costa Mecking, lembrei-me do irmão mais novo do Mequinho. Na verdade esse irmão caçula do mestre enxadrista não chegou bem a ser meu amigo. Nem sei o primeiro nome dele (Flávio?). Era, por assim dizer, amigo de um amigo meu, o Álvaro Luis (filho do Fernando Freitas e da Olguinha, compadres dos meus pais).
       Houve um verão, no início das férias escolares, em que, apesar do calorão que fazia, juntava-se uma gurizada na frente da nossa casa, alí na Barão de Butuí (não muito longe do glorioso Estádio Bento Freitas, Bento este que, aliás, era o avô do Álvaro Luis). Eu e meu irmão, primos, amigos e vizinhos nos reuníamos para empolgantes tardes dedicadas a corridas de carrinhos. Explico: pegávamos carrinhos de plástico, baratos, os quais enchíamos com chumbo ou pilhas velhas (nos anos 70 ninguém estava preocupado com o meio-ambiente), para que ficassem bem pesados, com muito estabilidade ao serem puxados por cordinhas durante as competições. Um guri mais "carente", que morava em frente ao Bar Flor da Baixada, o Wilson, "fez" o carro dele com um frasco vazio de detergente e rodas de tampas plásticas. Evidente que a genialidade desse "Collin Chapman das calçadas" jamais foi reconhecida pelos outros, tendo ele e seu "protótipo" sido ridicularizados, num tempo em que nem se cogitava da palavra "bullying".
       Pois bem, foi nessa época que andou "correndo" na nossa pista improvisada o Mequinho mais novo. Ele não era bom naquilo (acho até que puxava um carrinho emprestado). Também não era bom de bola, nem de botão. Talvez nem jogasse xadrez! Mas ficou entre nós respeitado. Nunca foi esquecido (como prova este texto).
       Sua fama adveio de um relato do Álvaro Luis: o Mequinho foi autor do maior cocô do mundo! Ele, contou-nos o Álvaro Luis, certo dia, produziu um cocô de tamanhas dimensões que, espantado, chamou o  amigo para conferir, para servir de testemunha. A descrição, pelo Álvaro Luis, foi tão precisa que, cada um de nós, mentalmente, pode visualizar o "ocorrido". Mequinho confirmou tudo, orgulhoso. Segundo Álvaro Luis, o fenômeno aconteceu em razão da dieta do Mequinho, à base de wafer e bolachas recheadas. Eu, o Andrey, o Carlos, o Alexandre e os outros nunca duvidamos.

Super-homens (por Kledir Ramil)*

Henrique da Costa
Mecking
"Mequinho"
       A primeira impressão que tive é que essa nova geração não conseguia se concentrar direito. Depois, fui me dando conta que eles desenvolveram uma capacidade de se concentrar em várias coisas ao mesmo tempo. Comparados a nós, são super-homens e super-mulheres.
       Quando eu era criança, o único de nós que conseguia tal proeza era o Mequinho, que jogava xadrez contra 20 adversários simultaneamente. Eu, um guri que tinha dificuldade de memorizar o movimento em L do meu próprio cavalo, ficava admirado com o brilho da mente do meu amigo que enfrentava 20 exércitos ao mesmo tempo e conseguia prever a próxima jogada de todas aquelas cavalarias e infantarias. Estudava todas as variáveis, imaginava cada lance possível e, no fim, derrotava todos.
       Henrique da Costa Mecking chegou a Mestre Internacional. Era meu vizinho em Pelotas e criamos uma amizade verdadeira que, mesmo a distância, se mantém até hoje. Chegou ao topo do ranking desse jogo que é considerado o supra sumo da capacidade mental. O que para mim, que acompanhava o boletim escolar dele, não foi nenhuma novidade.
       Até hoje, nas rodas mais intelectualizadas, costumo me gabar dizendo que aprendi a jogar xadrez com o Mequinho. O que não deixa de ser verdade, se considerarmos jogador de xadrez um sujeito que conseguiu aprender o movimento das peças no tabuleiro. Com exceção do L do cavalo.
       Em contrapartida, ensinei o Mequinho a dançar. O que posso dizer é que sou melhor enxadrista do que ele bailarino. Não tanto por meus feitos no tabuleiro, que são modestos. Mais pela dificuldade dele em transformar sua coordenação motora em algo que se possa chamar de dança. Aliás, um paradoxo que não tem muita explicação, pois um cara que é capaz de coordenar vários movimentos simultâneos de bispos, peões, torres e rainhas, deveria ter facilidade para dominar o balanço de seus próprios pés e quadril. Talvez eu tenha sido um mau professor.
       Voltando às crianças, a sensação que tenho é que temos uma geração de Mequinhos em várias áreas. Gente capaz de enfrentar adversidades múltiplas e variadas. E vencer todas. Tenho esperança nessa gurizada. Eles ainda vão fazer um mundo muito melhor do que esse que a gente conseguiu construir. Claro, tudo isso depois que passarem a fase da adolescência, que é a hora do recreio.

*Crônica publicada originalmente na Zero Hora de 22.8.11

Nei Lisboa

      
       Guarany, ontem à noite. Público razoável na plateia (os camorotes ficaram fechados). Sem muito atraso, Nei Lisboa entrou em cena. Sentou ao centro do palco, tendo à esquerda dele o fiel Paulinho Supekovia. Deu um "boa noite" meio muxoxo e iniciou a apresentação das músicas do disco HI-Fi (que está comemorando dez anos do lançamento). Como sempre, o público-meia-idade do Nei estava mais motivado do que o próprio. Ninguém se importou muito com o jeito blasé do cara, nem com o som reverberando nas primeiras músicas (depois melhorou). Bennie and the Jets, Summer Breeze, Norwegian Wood, Guitar ManVentura Highway foram se sucedendo assim como que cumprindo o carnê. A coisa aquecia um pouco quando dos solos de Supekovia ou das participações do outro excelente músico presente, Luiz Mauro Filho, nos teclados. "Encerrou" o show com Live and Let Die, quando alcançou o ápice da (pouca) empolgação. Nós, "torcedores" do Nei batemos palmas de pé (talvez por costume) e ele e os músicos voltaram ao palco para tocar I Shot the Sheriff. Em flagrante dívida com o pessoal que estava no teatro, ofereceu-nos, então, três "Neis Lisboas" legítimas: Hein?, Telhados de Paris e a tão solicitada Faxineira.
       Foi bom. Poderia ter sido muito melhor se ele não estivesse de TPM.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rua Uma terra só - A neve

A memória de um fato

O dia da rua
No dia da inauguração da placa da rua, o escritor, comovido, estava na cidade entre os seus familiares e muitos de seus amigos. Escutou o texto de uma carta, ouviu os discursos, concedeu autógrafos e falou de improviso. Como sempre falou de maneira original e de forma emocionalmente potente. Intelectual e corajosamente potente. Falou de liberdade e da importância dos negros e do legado dos negros na construção daquela magnífica cidade, preservada e tombada pelo patrimônio histórico. Falou do resgate de uma honra ainda a ser realizado e de sua necessária urgência.

O escritor caminhou, feliz e reconhecido, com seus familiares e amigos e autoridades e conterrâneos daquela cidade até o local da rua, enfrentando o vento gelado que surrupiava mantas, boinas, bonés e chapéus. Estava muito frio mas havia algum sol desenhando duramente os volumes do casario e da esquina. Emoldurando o sol brilhante, estavam também as volumosas nuvens escuras, que eram carregadas pelo vento na direção do norte, ao centro do país. Na esquina, além da mureta branca e do cais estava o rio, caudaloso, arisco e cinzento. Do outro lado da ponte, a outra cidade, o outro país.

Disseram e o escritor estivera lá no outro lado do rio veloz, alguns minutos antes e fora a testemunha invonluntária do fato narrado. Disseram que caíra uma chuva levissima, dançarina, de pequenos flocos de gelo. Naquela tarde inesquecível, gelada, ensolarada e de ventania imprudente, nevou por alguns instantes em Río Branco.

Naquele final de tarde tão frio foram lançados dois livros do escritor, Contos de Verdades e Uma terra só. Tudo isso foi verdade e porque a terra é uma só, o escritor anotou que, precisamente naquele dia da rua e dos livros, nevara em Jaguarão.
.
Alfredo Aquino
Publicado em ARdoTEmpo

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Manchete

Cancelado, no Brasil, o fim-dos-tempos, previsto para 2012.
É que o país não tem estrutura
para eventos dessa envergadura.

*Não sei quem disse isso, mas achei sensacional. Debochar do nosso "complexo de vira-latas" é fundamental.  

Resgate

Capa da nova edição do livro
Uma Terra Só
(foto de Marcelo Freda Soares) 
     Na gelada tarde de sábado Jaguarão passou a ter a Rua Uma Terra Só. Para quem conhece a Cidade Heróica, a rua recém batizada com o título do livro do mesmo nome (com o qual meu pai venceu a  IIª Bienal Nestlé de Literatura, em 1984), fica entre o paredão lateral do belíssimo Mercado Central e os fundos do medonho prédio do Centro de Saúde. Pavimentada com paralelepípedos gastos, vai da esquina do mercado até quase a beira do cais, às margens de cá do Rio Jaguarão. Curtinha, a rua não tem qualquer porta que para ela se abra (ou se feche!).
     Pouco antes do "decerramento da placa", na Casa de Cultura, um momento de extrema emoção. O pai, nós (a família), os amigos (velhos e fieis, novos e inesperados), leitores e autoridades locais, fomos surpreendidos pela leitura de uma carta que o Prefeito Claudio Martins, pouco antes, havia recebido. Era do Diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Assim:

     "Caro amigo,

     A data de hoje reveste-se de especial significado para todos nós. Jaguarenses ou não, familiares do homenageado ou não, estamos sinceramente agradecidos por tudo. No meu caso particular, convivo com Jaguarão e com Schlee há 48 anos. Cresci guri nas casas dessa cidade, despertei para o patrimônio nas ruas de Jaguarão. Em Pelotas, me formei e acompanhei e feitura dos livros de meu pai. Saiba que eles não são escritos, mas exaustivamente pensados, detalhadamente construídos, cuidadosamente desenhados e, finalmente, registrados.
     Contos que nascem de um universo literário particular, com limites culturais e espaciais definidos, e que abrange os homens que viveram ou que vivem por aqui. Deste lado, ou do lado de lá da ponte.
     Personagens de histórias reais, travestidas da mais pura e humana ficção. Histórias que, por isso mesmo, são universais. De Jaguarão para o resto do mundo! A Jaguarão que sempre viveu em minha memória e no meu coração, agora é patrimônio de todo o povo brasileiro. Representa, portanto, parte do legado que o Brasil de hoje deixara para as gerações futuras. E é nesta mesma cidade histórica que, a partir de hoje, existirá uma rua denominada “Uma Terra Só”. Na nossa Jaguarão e na de meu pai. Preservada como Aldyr Garcia Schlee sempre desejou. Não deixa de ser significativo tratar-se de uma simples via, que nasce em Jaguarão, que mergulha no rio, que emerge em Rio Branco e que tem como horizonte o Uruguai. Sendo ela mesma infinita e uma bela peça de ficção! Uma Terra só e uma rua, curiosamente, sem portas! Como que sugerindo um mundo sem fronteiras e sem propriedades.
     Também como Aldyr Garcia Schlee sempre sonhou e lutou.
    Caro Prefeito, parabéns pelo conjunto de iniciativas! (dê um forte abraço em meu pai!)
     Andrey Rosenthal Schlee

     Brasília, 20 de agosto de 2011."

       Como disse o Neneco, meu cunhado (também com a cara vermelha e inchada): "me caguei de chorar!"
       E me caguei de chorar não só pelo impacto da carta do meu irmão, mas por me lembrar - naquele exato momento - ali do lado do pai, de quando, não faz muitos anos, uma Jaguarão muito diferente sequer tomou conhecimento de uma "noite da autógrafos" a que meia dúzia de conterrâneos-gatos-pingados se fizeram presentes. Na época, sinal dos tempos, o boicotado evento aconteceu (ou não aconteceu!) num dos "clubes sociais" da cidade (que, é claro, não estava - ainda - interessada em manter uma "casa de cultura").

O convite para a inauguração e a tarde de autógrafos


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ele está em todo lugar


Foto de Andrey Schlee
Manhã de 14 de agosto, na Deodoro,
em frente à Cohabpel


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Há 50 anos

       28 de agosto de 1961. Porto Alegre estava sob a ameaça de iminente bombardeio aéreo, já determinado pelo então Ministro da Guerra, Marechal Odylio Denys. Milhares de pessoas, mesmo cientes disso, continuaram a acorrer à Praça da Matriz, às portas do Palácio Piratini. Dali, do porão do palácio, o Governador Leonel Brizola dirigiu-se  aos "patrícios de todo o país, da América Latina e de todo o mundo", através da Rede da Legalidade. Brizola (metralhadora à tiracolo) finalizou assim a transmissão radiofônica:

"Povo de Porto Alegre, meus amigos do Rio Grande do Sul! Não desejo sacrificar ninguém, mas venham para a frente deste Palácio, numa demonstração de protesto contra essa loucura e esse desatino. Venham, e se eles quiserem cometer essa chacina, retirem-se, mas eu não me retirarei e aqui ficarei até o fim. poderei ser esmagado. Poderei ser destruído. Poderei ser morto. Eu e minha esposa e muitos amigos civis e militares do Rio Grande do sul. Não importa. Ficará o nosso protesto, lavando a honra desta Nação. Aqui resistiremos até o fim. A morte é melhor do que a vida sem honra, sem dignidade e sem glória. Aqui ficaremos até o fim. Podem atirar. Que decolem os jatos! Que atirem os armamentos que tiverem comprado à custa da fome e do sacrifício do povo! Joguem essas armas contra este povo. Já fomos dominados pelos trustes e monopólios norte-americanos. Estaremos aqui para morrer, e necessário. Um dia, nossos filhos e irmãos farão a independência do nosso povo!"

Haja colhões!

       Abaixo, colhidos  no YouTube, um documentário feito pelo PDT em 2001 sobre a Campanha da Legalidade (desdobrado nos dois primeios vídeos), e entrevista de Brizola sobre imagens de Porto Alegre durante o clamor cívico, há meio século.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Paca, tatu...

Surpreendentes as declarações da
Sandy Jr na Playboy.
E a gente, que pensava que ela nem cotia!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Marca registrada (por Lucas Reis)*



Justiça condena Coca-Cola a indenizar a CBF
por camisa amarela em comercial
e acende discussão sobre até que ponto
a seleção é uma propriedade 

       A camisa mais famosa do mundo tem dono. E ela não pertence à nação.
       A Justiça do Rio de Janeiro condenou a Coca-Cola, em segunda instância, a indenizar a CBF por utilizar, em comercial veiculado na TV, no ano passado, ex-jogadores da seleção brasileira vestindo a vitoriosa camisa amarela.
       Cabe recurso. O valor da indenização ainda não foi estipulado pela Justiça e será calculado de acordo com os gastos que a Coca teria com o patrocínio para fazer o vídeo.
       O caso não é inédito: a Caixa Econômica Federal foi advertida, e Mastercard e Cervejaria Petrópolis, acionadas judicialmente pela CBF por, segundo a entidade, vincularem suas marcas à seleção - as ações ainda correm no Rio.
       A Coca-Cola já foi, mas não é mais, patrocinadora da CBF -  a Ambev, representada pelo Guaraná Antáctica, é quem estampa sua marca com a seleção brasileira.
       No comercial, Bebeto, Biro-Biro e Dadá Maravilha vestem camisa amarela, mas sem o escudo da CBF no peito.
       O caso acende a discussão sobre o direito de uso da "amarelinha", eternizada mundo afora pelas conquistas da seleção brasileira.
       Pela decisão, nenhuma empresa, grupo ou entidade pode se associar à imagem de um jogador vestindo o uniforme amarelo, mesmo que sem o emblema da CBF.
       E com a iminência da Copa de 2014, no Brasil, é muito provável que novos e diferentes casos surjam, já que a publicidade nacional invariavelmente explora a "amarelinha" em períodos de Copa.
       A japonesa Konami, que produz o jogo "Pro Evolution Soccer", parece ter se preocupado. Em sua mais recente re-edição do famoso game, a seleção brasileira vitual só aparece com esdrúxulos uniformes verdes e brancos.
       Para a CBF, no caso do comercial da Coca, as imagens são suficientes para levar o telespectador a acreditar que o refrigerante é parceiro oficial da seleção brasileira.
       "O vídeo mostra jogadores que já jogaram na seleção, dentro de um vestiário, usando uniforme da cor da seleção.  Todo o contexto remetia à seleção", disse à Folha o advogado Flávio Diz Zveiter, que representou a CBF no caso.
       A Coca-Cola se defende. Na ação, diz que, em vez de calção azul, usou um verde; que a camisa amarela não identifica marcas; e que as cores usadas "não são suscetíveis de apropriação por ninguém, sendo de livre utilização".
       Também declara que a CBF não pode se considerar única detentora de tudo que se relaciona ao futebol.
       Ressalva que é, há décadas, patrocinadora oficial da Fifa, tendo o direito de explorar o futebol em campanhas publicitárias, e que os três ex-jogadores usados no comercial nunca atuaram juntos.
       Mas a decisão judicial publicada há um mês segue o mesmo raciocínio da CBF.
       "É evidente a imitação do uniforme da seleção brasileira, de uso exclusivo da primeira embargante (CBF)."

Empresa diz que cores pertencem
à bandeira do país

       Em nota, a Coca-Cola do Brasil iinformou que recorreu da decisão. "A CBF não tem  direito exclusivo sobre o verde e o amarelo, cores que remetem à bandeira do país", afirma a nota. "Não houve cópia de qualquer propriedade da CBF."
       À Folha a CBF disse que apenas protege sua marca.
       "A CBF jamas questionou o uso da camisa amarela pelo povo, em passeatas, comemorações. Mas, em ação comercial ligada ao futebol, é diferente", disse Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da entidade, que rebateu os argumentos da empresa. "Quando a Coca pagava para usar a camisa amarela, agia da mesma forma com concorrentes. A CBF protege sua marca, como a Fifa protege a dela."

*Matéria publicada na Folha de São Paulo de domingo passado.

       O que é pior? Permitir a completa  descaracterização do fardamento da seleção, outorgando à Nike "liberdade" para alterar tons de cores e detalhes fundamentais do conjunto camiseta/calção/meias, ou veicular comerciais oportunistas, com o uso de ex-jogadores de terceira linha (Dario, Túlio e Biro-Biro, por exemplo)?
        As duas coisas, por óbvio.
       Mas e daí? Daí, nada. Vale a grana, os milhares de milhões que a imagem da "camisa canarinho" representa para as tais "entidades", CBF, Coca-Cola, Ambev, Itaú, Rede Globo...
       E pensar que o criador desse Frankenstein ganhou (pelos hoje discutidos "direitos" sobre a criatura) uns trocos, um estágio num jornal do Rio e uma cadeira (nunca usada) no Maracanã.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Noruega, país de contrastes

       A Noruega não é só um país a ser lembrado uma vez na vida e outra na(s muitas) morte(s).
       Habitada por gente branquinha (que não está muito a fim de miscigenação)  e protestante,  a gelada Noruega tem o melhor IDH do planeta.
       Descendentes dos Vikings, os noruegueses são considerados os inventores do bacalhau (o qual, segundo a velha tradição nórdica,  teve inspiração nos fiordes das robustas moçoilas de Sandnessjoen e arredores). Por essa razão, os noruegueses ficam furibundos (ameaçando metralhar meio-mundo) se alguém lembra o nome do herói lusitano Zé do Pipo (para muitos o real criador do peixe seco a ser comido na Semana Santa).
       Queiram ou não, Anders Breivik não é uma novidade norueguesa em termos de atentado. Basta recordar-se que foi daquele país espremido pela Suécia contra o mar que despontaram para o mundo o grupo A-Ha e os irmãos Jostein e Tore-Andre Flo.
       Brincalhões, contam os noruegueses que seus patrícios Manoel e Maria Solskjaer passaram suas férias no Brasil.
       Nas suas andanças por este país tropical, o casal adquiriu novo mascote: um gambá.
       No aeroporto do Rio de Janeiro, pressentindo dificuldades para embarcar para a "terrinha Oslo" de posse do animalzinho, Manoel mandou que Maria enfiasse o bicho sob o vestido, no meio das pernas.
       Surpresa, Maria perguntou ao marido: 
       - Mas Manuel, e o fedor?
       Ao que Manoel respondeu-lhe:
       - Ora, o pá, que se dane o gambá!

Na Noruega os esportes em voga são o curling
e o tiro ao muçulmano

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Grandes quadrinhos

Níquel Náusea - Fernando Gonsales

- Aí gostosona!
- Chega! Você já provou que não é viado!
- Ush!
 
Rekern

- Meu Deus!
- Fico excitado só de olhar as estrelas!
- A Angelina Jolie de shortinho... (Gatas do Cinema)

*publicados originalmente na ZH

Futebol (por Luiz Antonio de Assis Brasil)*

Assis Brasil
       Cabe celebrar aqui Camisa Brasileira, uma obra cúmplice do fotógrafo Gilberto Perin e do escritor Aldyr Garcia Schlee, a que se somaram um depoimento de João Gilberto Noll e o trabalho de um editor - e poeta - sensível, Alfredo Aquino e sua ardotempo.
       É um livro sobre o Grêmio Esportivo Brasil, de Pelotas. O que poderia ser uma peça de ardor clubístico, transforma-se numa reflexão sobre o ser humano. A arte soberba de Gilberto Perin seguiu parte da campanha do Brasil no ano passado, entre vitórias e derrotas, momentos de desânimo e euforia. Os protagonistas são os próprios jogadores, captados em diferentes vestiários e túneis. Os jogadores não são identificados. O fotógrafo capturou suas imagens e dividiu-as em secções que indicam os elementos que perpassam os vestiários: a preparação do jogo, a fé religiosa dos atletas, a dor, a solidão dos expulsos de campo. O capítulo da fé impressiona: são pequenas imagens de santos, galho de arruda atrás da orelha, Jesus Cristo e Iemanjá, rezas coletivas. Já a preparação mostra a indigência de alguns vestiários, com suas duchas de plástico, azulejos faltantes, paredes cobertas de mofo. A glória das vitórias e o desalento das derrotas constituem uma das partes mais dramáticas - mas ambas se parecem, em seus efeitos psicológicos: choros e abraços.
       Costurando as fotos e dando-lhes uma identidade única, está o texto de Aldyr Schlee, escritor de Contos de Futebol e, cabe repetir sempre, criador do uniforme da seleção canarinho. É dele esse resumo impecável: o vestiário "é um mundo fechado e interdito de onde os homens saem mudos e deslembrados; de onde, logo, já não se sabe e não se diz o que se viu ou se ouviu; de onde, depois de tudo, já não se recorda o que se fez ou se deixou de fazer".
       O depoimento de João Gilberto Noll comove também pela síntese, capturando o instante sem tempo das fotos: "Vemos jogadores em campeonato de segunda divisão num intimismo viril, nos toscos vestiários, alguns ensaboados debaixo dos chuveiros, entre confidências discretas, surdos palpites talvez". A apresentação de Alfredo Aquino é um sumário que revela: "O que vemos neste livro está antes do apito inicial e logo após o apito final, ou seja, sem o lúdico..." E podemos completar: trabalhando com esmero e paixão, uma obra de arte superior.

*Publicado ontem, na Zero Hora

O ovo da serpente

Emir Sader
       Com as eleições em Portugal e no Peru se confirma a tendência de toda a última década, em que a Europa vota à direita, enquanto a América Latina vota à esquerda. Isso se dá, antes de tudo, porque a Europa - aliada subordinada dos EUA - é ganhadora na globalização, são os globalizadores, enquanto a América Latina, a Ásia, e a África somos perdedores, os globalizados. Assim, os europeus não querem que nada mude, se tornaram conservadores, enquanto na América Latina lutamos por transformações, por mudanças. Eles votam à direita, nós, à esquerda.
       Para os europeus, todos os problemas que eles sofrem chegariam de fora: imigração, terrorismo. Tentam se fechar como fortalezas. Como se não tivessem nada a ver com esses dois temas. Mas a chegada da crise econômica, surgida nos EUA - que nos afetou também, mas da qual já saímos, enquanto eles seguem plenamente nela -, não cabe dentro dessa análise. Não tem como remeter a uma causa externa. Ela é bem interna: é uma crise capitalista, nascida no centro do sistema, na economia norte-americana.
       Uma das maiores derrotas recentes da esquerda foi a de que a crise fortaleceu a governantes de direita e enfraqueceu os sociais-democratas: caiu o governo português, deve cair o espanhol, sobrevive extremamente debilitado o da Grécia. Porque nesses países estavam no governo e praticaram a política do FMI, intensificaram a recessão e o ajuste fiscal, preparando o campo para a chegada da direita aos governos.
       Enquanto na América Latina, nos países que optamos pela prioridade da integração regional e pela extensão do mercado interno de consumo popular, foi possível sair mais rápido da crise e retomar ritmos de expansão econômica e de inclusão social que tínhamos antes da crise. Governantes como Lula, os Kirchner, Hugo Chavez, Tabaré, Evo Morales, Rafael Correa, se elegeram, se reelegeram e, nos casos do Brasil e do Uruguai, elegeram seus sucessores - Pepe Mujica e Dilma. Nessa onda se elegeram Fernando Lugo, Mauricio Funes, agora Ollanta Humala. Na Europa, se elegeram Berlusconi, Merkel, Sarkozy, Cameron, agora a direita também em Portugal. Se fortalece a extrema direita na França, na Suécia, na Finlândia, entre outros países.
       Aumenta a distância entre a esquerda da Europa e a da América Latina. Até mesmo no caso dos bombardeios da OTAN contra a Líbia, a maioria da esquerda lá está a favor, enquanto que, por aqui, sem apoiar o regime de Kadafi, estamos a favor de negociações políticas de paz. A soberania econômica nos permite exercer a soberania política.

       A análise acima reproduzida, entitulada "Europa à direita, América Latina à esquerda", encontra-se publicada na edição nº 172/2011 da revista "Caros Amigos". Seu autor, Emir Sader, conhecido sociólogo e cientista político, no início deste ano protagonizou episódio que causou "saia justa" ao governo, ao afirmar que as coisas não estavam andando bem no Ministério da Cultura pelo fato da ministra, Anna de Hollanda, ser "meio autista". Carrega no seu currículo a glória de uma condenação judicial (em 2006) por ofensa à honra do político-manezinho Jorge Bornhausen, a quem taxou de "fascista". Este texto (em que pese não ser formalmente um primor) serve como uma luva para o entendimento do gravíssimo fato acontecido no dia 22 de julho passado na "pacata" Noruega, quando Anders Behring Breivik - jovem militante de grupo de extrema-direita local -  assassinou dezenas de pessoas e lançou um manifesto bestialógico de cunho racista e xenófobo. Praticamente no mesmo sentido dos argumentos e conclusões de Sader, pôde-se ler na Zero Hora de sexta-feira última uma breve entrevista dada por Paulo Visentini, professor de Relações Internacionais da UFRGS. Ei-la:
Breivik - com pretensões
de ser a "nova besta"
 ZH: O manifesto de Anders Breivik encoraja a extrema-direita a assumir suas ideias?
PV: A extrema-direita está atuando em dois níveis. Um de grupos armados, na clandestinidade, vestindo uniformes. São gangues que batem, racistas, arruaceiros. O outro é de partidos legais. Esses partidos têm crescido muito eleitoralmente, à medida que a crise na Europa se torna mais complexa e os governos não têm respostas imediatas. O que choca é que esses políticoss estão dizendo o que muita gente acha: não queremos mais imigrantes, não queremos mais gente de cor. Cada vez que viajo, vejo a Europa mais xenófoba. É uma realidade que está emergindo e é preocupante.
ZH: Por que a extrema-direita tem conquistado seguidores?
PV: Por causa de um sentimento de insegurança da população em relação ao desemprego, ao desenvolvimento e até à própria segurança, em relação a ataques terroristas. No final da II Guerra Mundial, o nazismo foi derrotado, mas não destruído. Os grupos de extrema-direita sobreviveram, na clandestinidade. E são grupos poderosos, ativos. Agora que a estabilidade europeia está ameaçada, eles ganham visibilidade, assim como aconteceu nos anos 30.
ZH: Qual é a consequência desse extremismo?
PV: O que estava acontecendo até agora é que os partidos para não perder o eleitorado, foram caminhando para a direita. Eles começaram a adotar legislações anti-imigração, expulsar pessoas da Europa, recusar refugiados... A votação da extrema-direita empurrou outros partidos também para este lado. O que está acontecendo é algo novo, que pode servir de exemplo para outros países. Não é impensável que possa acontecer (ataques como o da Noruega) em outros lugares. Eles (os extremistas) se entusiasmam, ficam mais atrevidos, mais corajosos. Essa ação (de sexta-feira) permitiu uma enorme mídia.    

Boletins

       Depois de muito tempo o Andrey me mandou de Brasília o seguinte texto:
       "Mexendo em velhos documentos, encontrei dois boletins escolares. Santa Margarida, Pelotas. Sexta série, 1975 e Oitava série, 1977. No primeiro, ao longo de quatro avaliações, só recebi três Ótimos (Música, Artes Plásticas e Orfeão) e um Insuficiente (Moral e Cívica). Mesmo assim, como observação, foi registrado: “solicitamos entrevista com os pais ou responsáveis pelo aluno” e logo grampearam um "Parecer Descritivo" com a seguinte idiotice: “...O aluno é insuficiente em moral e cívica nos hábitos e atitudes em relação aos trabalhos propostos. Possui inclinação para as atividades artísticas, nas quais demonstra muito interesse”. Já no segundo Boletim, recebi Muito Bom em O.S.P.B e um simples Suficiente em Educação Plástica... Tudo resolvido! Meus pais não foram mais chamados. O Colégio deu um jeito de acabar (ou abafar) com a minha “inclinação”!!! Domine dirige nos."
Meu boletim de 1976
2ª Série A Colegial
       Ah, o velho Santa Margarida! Quantas saudades! Eu e meus irmãos sempre estudamos lá. Minha mulher fez o segundo grau no Margarida, onde foi colega de aula da minha irmã. Ambas iniciaram a vida docente por lá (onde também o pai foi professor por vários anos).
       Por coincidência, depois de ter recebido o texto do Andrey, fui brindado pela minha mãe com dois boletins meus que estavam guardados por ela não-sei-onde. São de 1975 e 1976, respectivamente dos meus primeiro e segundo anos do segundo grau. A mãe nem queria que minha filha visse as notas que estão neles registradas para sempre. Segundo ela, "poderiam servir de mau exemplo!".
       Certa vez, no meio do ano, recebi um "insuficiente" em determinada matéria. Por isso tive de ir, com a mãe, conversar com o diretor da escola, um reverendo da Igreja Episcopal. Baita vexame! Hora marcada, ficamos esperando na antessala da direção (por um tempo que custou a eternidade para passar). Depois, o diretor - que tinha sido meu professor de Psicologia (é!, PSICOLOGIA!) disse para a mãe (que estava furiosa comigo), referindo-se a mim: "Ele não é dos piores". Que horror: se eu estava lá era porque não era "dos melhores", claro. Agora, não ser "dos piores" era ser o quê? O cocô do cavalo do bandido! Ao menos os "piores", "les enfants terribles", tinham seu status entre os colegas. Já não ser nem um, nem outro, era ser apenas mais ou menos, medíocre. Ninguém merece essa pecha!
       Bah, nunca esqueci disso!
       Ah: o diretor esse, o reverendo, logo em seguida foi substituído no cargo. Dizem que por ter malversado o dinheiro do colégio. E ele não era dos piores...