segunda-feira, 9 de julho de 2012

Borgnine


     Nos Estados Unidos, na época da Grande Depressão, era comum desempregados tentarem a sorte em outras paragens, na busca de melhores oportunidades. Para isso, não dispondo de dinheiro, levas de desempregados lançavam mão de perigosas artimanhas para se deslocar, clandestinamente, em trens de carga, para os mais longínquos pontos do país. Chegavam a arriscar suas vidas, viajando pendurados sob os vagões, "like bats". Em 1973 a 20 Century Fox lançou nos cinemas o filme Emperor of the North, dirigido por Robert Aldrich, em que Lee Marvin interpreta o vagabundo Nº 1, que, aceitando desafio de um novato contador de vantagens, Cigaret (Keith Carradine), entra em conflito com Shack (Ernest Borgnine), o chefe do trem nº 19, cujo maior orgulho é jamais ter permitido que hoboes algum pegasse carona em composição sob seu comando.

"Consigam um trabalho de verdade antes de tentar
seguir uma carreira de ator. Aprendam sobre a vida
e depois aprendam sobre seu ofício.
E não usem óculos escuros na tela para parecerem
legais. Os olhos são o melhor recurso de um ator."
     Ernest Borgnine morreu ontem, aos 95 anos. Em que pese tenha ganho o Oscar de Melhor Ator (1955) pelo papel do açougueiro bonzinho em Marty, acho que sempre fez melhores papéis quando foi o vilão ou cara mau caráter dos filmes. Esse Imperador do Norte é, para mim, a prova disto. Quem tiver o filme em casa, quem sabe não seja uma boa pedida para esta madrugada (inclusive como homenagem ao velho Ernie). A quem não viu, fica a recomendação. O DVD pode ser comprado, não muito caro, através da DVD World ou das Americanas. Quem sabe, mais em conta ainda, se consiga o disquinho no "mercado negro", ali em frente à Receita Federal. 

10 comentários:

  1. Aldyr, foi um dos maiores atores que já vi atuar, em o "Imperador do Norte"(filmaço) merecia outro Oscar, os "atores" de "Malhação" deveriam ver o que é um ator de verdade.
    Ernest Borgnine ganhar apenas um Oscar é uma piada sem graça, depois que Stallone levou até Alexandre Frota merecia.
    Eu procuro o DVD de "Marty", acho que só importado.

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    1. Revi o filme hoje cedo. Puxa vida! Como costuma sempre acontecer quando resolvo rever meus "cults", a decepção foi grande. Achei um filme "meia-boca", muito diferente do que achara há décadas atrás, numa Sessão Coruja qualquer da vida. Por essas e outras é que tão cedo não colocarei Tommy no aparelho de DVD...

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  2. A sensação de "dejá-vu" deixa um gosto amargo em nossa memória afetiva, o que antes nos fazia sair do cinema dentro da cena, depois de um tempo passamos a nos perguntar como um dia gostamos daquilo.
    O tempo pega, mata e incinera a idade da inocência, quando não sabíamos o que é sonho ou realidade.
    "Tommy" ainda vejo por ser "The Who", pura nostalgia, vale pela música, não te decepcionarás.
    Em nome do fusca e das fitas cassetes.

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  3. MOBRAL informa:
    Onde se lê "dejá vu" leia-se "déjà vu".
    Onde se lê "quando não sabíamos o que é sonho ou realidade", leia-se "quando não sabíamos o que fosse sonho ou realidade".
    O Movimento Brasileiro de Alfabetização agradece a oportunidade da correção.

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  4. Fala Professor...

    Vi esse filme a "trocentos" anos atras...Lembro da cena que Lee Marvin coloca graxa nos trilhos do trem, esperando a máquina subir a ladeira e patinar literalmente...Hoje tudo é por "computador", assim até uma ameba vira super-herói...rss.

    Vida longa ao vilão...rss

    Abraço. Caju.

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  5. Aldyr e Ângelo, esse é um problema sério: rever filmes dos quais gostamos... Tive essa amarga experiência quando fiz de tudo para assistir novamente Zardoz, em companhia dos filhos (eles me olhavam com uma cara..., e O homem que queria ser rei. Às vezes é melhor ficar só com a lembrança. Revi também Os profissionais, em P&B, e foi a mesma coisa. Falar em "revolução", nos anos 70, tinha outro significado.

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  6. Convenci a Flor a assistir, comigo, "O Pequeno Diabo", do Roberto Benigni (que eu achava engraçadíssimo). Resumo: depois de dez minutos demos um "pause" e desistimos do programa. éramos simplórios ou o que aconteceu com o nosso gosto?

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  7. Incrível!!! Aldyr, este assunto rende um tratado, a vida nos modifica a ponto de iniciarmos sonhadores até chegarmos ao niilismo absoluto.
    O Vaz tem razão sobre a "amarga experiência" de rever filmes, no caso do humor é mais difícil ainda, volta e meia vejo "Harold and Maude" a emoção permanece intacta, a mãe adorava, vi pela primeira vez no Rei.
    Hoje tenho em DVD com as letras de Cat Stevens nas legendas, que na versão televisiva (mesmo legendada) não aparecia.
    Outro que não me decepciona é o "Vigilante Rodoviário", puro saudosismo, passou toda série no Canal Brasil, comprei a caixa com os dvds.
    Tens de convidar a Flor pra ver o "Vigilante", ela vai rir mais do que com o Roberto Benigni.

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  8. Ontem comprei o DVD de Marty nas Americanas, R$ 12,99, uma barbada !
    Há filmes que compro mesmo sabendo que não vou procurar ter tempo para assistir, talvez seja o medo da decepção citada por vocês !
    Aldyr, Tommy é datado, mas continua bom, este DVD eu coloco às vezes sem medo !

    Oduvaldo Jr.

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