segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O (outro) 11 de Setembro

       No dia 11 de setembro de 2001 eu estava no foro, que era ainda no centro da cidade. Lembro-me que, excepcionalmente, vestia terno e gravata (porque estávamos sob a inspeção anual da Corregedoria). Perto do meio-dia, quando ia almoçar, fui interceptado na frente do prédio do Jockey Clube pelo Mogango, o fiel guardador de carros daquela quadra da Sete. Esbaforido, ele me disse: "Padrinho, tão bombardeando os Estados Unidos!". 
       Em casa, vi pela tevê o que o mundo testemunhava em tempo real e atônito: os prédios símbolos da pujança yankee se desintegrando impávidos, após terem sido atingidos por aviões de carreira desviados em pleno vôo por ninguém-sabia-direito-quem. E logo veio a notícia de que o Pentágono (é, o Pentágono!) também estava em chamas! Bumba!
       E o que se via na telinha, nas CNNs da vida, eram cenas de um verdadeiro pastelão. Nem toda a tecnologia militar de ponta dos norteamericanos - tão decantada nos filmes de ação por eles enfiados goela a baixo do terceiro mundo - foi suficiente para evitar que meia-dúzia de barbudinhos-kamikazes esculhambassem o castelo de cartas deles. Bumba! e bumba!
       Cobertos de poeira, bombeiros apatetados, sem saber o que fazer, se chocavam com paramédicos (eles gostam dessas figuras!) bundudos. Nem Robocop, Rambo ou Capitão América evitaram o fiasco defensivo do país das "stars and stripes" e não apareceram sequer para o resgate dos chicanos, dos portorriquenhos, dos coreanos e, com certeza, dos valadarenses que ficaram sob os escombros das torres de papelão. 
       Dez anos depois, terrorismo mambembe retalhado com terrorismo de estado, a "América" continua captalizando com esse fato histórico. Saíram à caça de tiranos-ex-parceiros, que deixaram  de ser-lhes convenientes. Querem, agora, o petróleo árabe sem fantoches intermediários. 
       E eu continuo aqui, sem gravata e sem um pingo de comoção pelo 11 de setembro deles. 

3 comentários:

  1. Mas com uma coisa bem peculiar em comum, hoje, como no dia dos ataques a terra do Tio-Sam, continuas sem fazer "piculinas" nenhuma...

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  2. Grande Aldyr, este foi o melhor comentário que li sobre esta churumela patética que o complexo de colonizado da imprensa brasileira nos tocou goela abaixo.
    O maior atentado terrorista da história contra uma população civil foi em Nagasaki e Hiroxima, causando doenças até hoje pelos efeitos da radiação atômica, dizimando mais de 200 mil pessoas.
    O blog esta genial, os desenhos e tudo mais, fizeste eu fazer um blog só pra poder vir até aqui.

    abraço

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  3. Bah, Ângelo, que satisfação receber teu comentário! Sempre que coloco qualquer coisa nova neste BF (por mim escrita ou selecionada) o faço pensando em compartilhá-la com aqueles que me são caros. E tu és uma dessa pessoas, evidentemente. Grande abraço. O blog é nosso! Está aberto, aguardando - no mínimo - teus comentários.

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