domingo, 18 de setembro de 2011

“Sirvam nossas façanhas... " (por Andrey Schlee)

        Agora a história é outra, mas igualmente verdadeira.
       O último desfile de 20 de setembro que assistimos foi ainda quando vivíamos em Santa Maria. A Avenida Medianeira estava cheia. Muita gente, crianças por todos os lados, e fazia calor. A cavalhada foi longa. Cada CTG com sua bandeira. Cada escola com seu piquete e, já no fim do desfile, algumas carroças alegóricas. Como sempre, havia de tudo: gordos em cavalos magros, gigantes montando petiços, primeiras prendas só com beleza interior, senhoras portando chiripá e bigode. Gente que sabe montar, gente que nunca havia visto um cavalo antes (a turma do Hipoglós!). Um cusco manco e vários orgulhosos guaipecas.


       Mas o que chamava atenção era um bêbado que teimava em atravessar o samba comentando, em alto e bom som, o longo festejo. Foi quando viu se aproximar uma representação do Negrinho do Pastoreio. Uma triste representação é claro! Um negro velho de bermudinha branca sobre um matungo igualmente branco (a ideia deveria ser um menino negro, escravo, nu, aproximadamente quatorze anos, montado em um belo cavalo baio). Não deu outra! Ao presenciar a cena, o bêbado comentarista gritou:
       – É ISSO AÍ!! NÃO TE MICHA, NEGRÃO!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário