Iria contar uma história sobre virada
de ano quase trágica, mas vou deixar pra semana que vem, pois um comentário em
um blog mudou o meu foco.
Meu amado Caju é um homem culto. Adora
ler. Esses tempos, ele foi prestigiar o lançamento de mais uma obra do
Aldyr
Schlee, pai. Por mais de dez minutos conversou com o autor, que o reconheceu,
sobre futebol de mesa. Aldyr Garcia Schlee é um apaixonado por botão. É fundador
da Associação Pelotense de Futebol de Mesa.
Fiquei
sabendo deste encontro através do ótimo blog do Aldyr Schlee, filho. Ótimo
mesmo. O blog chama-se Bipolar Flexível. O endereço é http://bipolarflexivel.blogspot.com.
Vários assuntos legais sob a ótica de alguém com muito a dizer e cujo objetivo é fazer a gente
pensar.
Na
hora lembrei de uma passagem da minha vida, antes de trocar qualquer assunto com
o Aldyr Schlee, filho.
Namorava
a Karen há dois anos. Ela sabia que eu jogava botão, mas demostrava o mesmo
interesse pelo meu hobby do que eu tenho sobre carros, ou seja, nenhum. Pensava
sem dizer: “botão é coisa de adultos com síndrome de Peter Pan”.
Porém
um dia tudo mudou e graças ao Aldyr Schlee, pai. Sou o controle remoto mais
rápido do Oeste. Em um sábado a noite sem nada pra fazer, trocava de canal de
segundo em segundo quando me deparo com uma espécie de semi documentário no 36
(TVCOM) sobre o homem que deu cores a seleção brasileira.
Na
hora virei pra Karen e falei: tu sabe quem é esses senhor?”. Ela respondeu “não faço a mínima ideia” sem
mexer um músculo a não ser os da boca de forma insolente e preguiçosa, enquanto
lia o livro o Elogio da Madrasta do Mario Vargas Llosa.
Pois
deveria saber, argumentei. Este senhor, em 1953, venceu mais de 200 candidatos
de todo o país no concurso promovido pelo jornal Correio da Manhã para a escolha
do novo uniforme da seleção. Foi ele que
criou o uniforme canarinho que nós conhecemos. E mais é um grande escritor,
professor e desenhista...e joga botão.
A face
dela mudou. A Karen começou a prestar atenção no roteiro do programa.
Jornalista, prêmio mulher como redatora de Economia, PHD em rock e samba, a
minha ex-namorada é uma mulher culta, muito culta e voraz por novos
conhecimentos.
Durante
vários minutos, ela deliciou-se com a fala tranquila, poética e paternal daquele
senhor de cabelos desgrenhados e sorriso conquistador. O programa terminava com um duelo de botão
entre os dois Schlee.
A partir deste
dia, a Karen começou a respeitar o universo do botão. Viu que tinha vida
inteligente ali dentro. Perguntava dos meus jogos e dos campeonatos externos.
Tudo graças ao seu Aldyr Schlee.
Deixamos de ser namorados e viramos grandes amigos, mas sempre quando nos
encontramos ela pegunta: “e o botão, ainda joga?”
*Cristian Costa, autor deste texto (publicado hoje no gothegolplus.blogspot.com) é jornalista em Porto Alegre e, nas horas vagas (só nas bem vagas), botonista.
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