quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

As aventuras de Cristian


Iria contar uma história sobre virada de ano quase trágica, mas vou deixar pra semana que vem, pois um comentário em um blog mudou o meu foco.
Meu amado Caju é um homem culto. Adora ler. Esses tempos, ele foi prestigiar o lançamento de mais uma obra do Aldyr Schlee, pai. Por mais de dez minutos conversou com o autor, que o reconheceu, sobre futebol de mesa. Aldyr Garcia Schlee é um apaixonado por botão. É fundador da Associação Pelotense de Futebol de Mesa.
Fiquei sabendo deste encontro através do ótimo blog do Aldyr Schlee, filho. Ótimo mesmo. O blog chama-se Bipolar Flexível. O endereço é http://bipolarflexivel.blogspot.com. Vários assuntos legais sob a ótica de alguém com muito  a dizer e cujo objetivo é fazer a gente pensar.
Na hora lembrei de uma passagem da minha vida, antes de trocar qualquer assunto com o Aldyr Schlee, filho.
Namorava a Karen há dois anos. Ela sabia que eu jogava botão, mas demostrava o mesmo interesse pelo meu hobby do que eu tenho sobre carros, ou seja, nenhum. Pensava sem dizer: “botão é coisa de adultos com síndrome de Peter Pan”.
Porém um dia tudo mudou e graças ao Aldyr Schlee, pai. Sou o controle remoto mais rápido do Oeste. Em um sábado a noite sem nada pra fazer, trocava de canal de segundo em segundo quando me deparo com uma espécie de semi documentário no 36 (TVCOM) sobre o homem que deu cores a seleção brasileira.
Na hora virei pra Karen e falei: tu sabe quem é esses senhor?”.  Ela respondeu “não faço a mínima ideia” sem mexer um músculo a não ser os da boca de forma insolente e preguiçosa, enquanto lia o livro o Elogio da Madrasta do Mario Vargas Llosa.
Pois deveria saber, argumentei. Este senhor, em 1953, venceu  mais de 200 candidatos de todo o país no concurso promovido pelo jornal Correio da Manhã para a escolha do novo uniforme da seleção. Foi ele que criou o uniforme canarinho que nós conhecemos. E mais é um grande escritor, professor e desenhista...e joga botão.
A face dela mudou. A Karen começou a prestar atenção no roteiro do programa. Jornalista, prêmio mulher como redatora de Economia, PHD em rock e samba, a minha ex-namorada é uma mulher culta, muito culta e voraz por novos conhecimentos.
Durante vários minutos, ela deliciou-se com a fala tranquila, poética e paternal daquele senhor de cabelos desgrenhados e sorriso conquistador.  O programa terminava com um duelo de botão entre os dois Schlee.
A partir deste dia, a Karen começou a respeitar o universo do botão. Viu que tinha vida inteligente ali dentro. Perguntava dos meus jogos e dos campeonatos externos. Tudo graças ao seu Aldyr Schlee. Deixamos de ser namorados e viramos grandes amigos, mas sempre quando nos encontramos ela pegunta: “e o botão, ainda joga?”

*Cristian Costa, autor deste texto (publicado hoje no gothegolplus.blogspot.com) é jornalista em Porto Alegre e, nas horas vagas (só nas bem vagas), botonista.

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