Morreu o Mario. O Mario era de casa. Frequentava nossa casa desde muito cedo, desde que foi aluno do pai. Foi lá que um dia levou a namorada: a Lia Mara. Recitou, rindo daquele jeito dele, um poema que fez para ela. Ficaram juntos até hoje. O poema deve ter sido decisivo para isso! Sempre admirei o jeito que o Mario e a Lia Mara andavam pela rua, do jeito que chegavam e se iam lá de casa. Devagar, sem pressa, ele com um dos braços por cima dos ombros dela. Que pena, agora, a Lia ter que andar sem o carinho e a proteção do Mario. Que, agora, não se ter mais o Mario.
Fui cliente dele, Aldyr, da Livraria D.Quixote na Galeria Zabaleta, mudamos o mundo toda a semana.
ResponderExcluirMachado de Assis com sua impecável fleuma britânica.
Foi um choque inesperado, cedo demais, sempre será cedo demais em qualquer tempo.
Conheci o Mário na casa de vocês (nossa?), Aldyr. E, também, me encantei com o poema, que depois fiquei sabendo se chamava
ResponderExcluirAvareza:
Lia Mara
eu te amara.
Meu amor te dedicara
até te presenteara
um perfume - coisa cara.
Bem sei que não se compara
a uma rosa linda e rara,
mas tenho índole avara
e aquele vidro custara
os olhos da minha cara...
Mas tudo isso é ironia.
De fato, querida Lia,
se pudesse comprar-te-ia
a própria perfumaria;
a melhor rosa dar-te-ia
do mais formoso jardim.
Te dava tudo querida:
dinheiro, casa, comida,
roupa lavada, estendida,
sapatos, calça comprida,
vestidos sob medida...
Te dava até minha vida
se tu voltasses prá mim!
MOM - 1967
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A Helena Ortiz foi a "nota fiscal número 1" da Dom Quixote Livros, Ângelo, com um exemplar de As veias abertas da América Latina.
Por que eu sei isso? sei lá... eu estava na inauguração, e fui testemunha até do troco.
Prezado Aldyr: Mários jamais deveriam morrer, deveriam ficar atrás de algum cômodo da casa, ou ser alocado em alguma cripta e ficar adormecido por uns cem anos, com possibilidade de retorno.
ResponderExcluirUm abraço!
Mário Ribeiro* (com o pulso ainda pulsando)
* Pífio jogador de botão e pseudoblogueiro