quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Mario


Morreu o Mario. O Mario era de casa. Frequentava nossa casa desde muito cedo, desde que foi aluno do pai. Foi lá que um dia levou a namorada: a Lia Mara. Recitou, rindo daquele jeito dele, um poema que fez para ela. Ficaram juntos até hoje. O poema deve ter sido decisivo para isso! Sempre admirei o jeito que o Mario e a Lia Mara andavam pela rua, do jeito que chegavam e se iam lá de casa. Devagar, sem pressa, ele com um dos braços por cima dos ombros dela. Que pena, agora, a Lia ter que andar sem o carinho e a proteção do Mario. Que, agora, não se ter mais o Mario.

3 comentários:

  1. Fui cliente dele, Aldyr, da Livraria D.Quixote na Galeria Zabaleta, mudamos o mundo toda a semana.
    Machado de Assis com sua impecável fleuma britânica.
    Foi um choque inesperado, cedo demais, sempre será cedo demais em qualquer tempo.

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  2. Conheci o Mário na casa de vocês (nossa?), Aldyr. E, também, me encantei com o poema, que depois fiquei sabendo se chamava

    Avareza:

    Lia Mara
    eu te amara.
    Meu amor te dedicara
    até te presenteara
    um perfume - coisa cara.
    Bem sei que não se compara
    a uma rosa linda e rara,
    mas tenho índole avara
    e aquele vidro custara
    os olhos da minha cara...

    Mas tudo isso é ironia.
    De fato, querida Lia,
    se pudesse comprar-te-ia
    a própria perfumaria;
    a melhor rosa dar-te-ia
    do mais formoso jardim.
    Te dava tudo querida:
    dinheiro, casa, comida,
    roupa lavada, estendida,
    sapatos, calça comprida,
    vestidos sob medida...
    Te dava até minha vida
    se tu voltasses prá mim!

    MOM - 1967
    ________
    A Helena Ortiz foi a "nota fiscal número 1" da Dom Quixote Livros, Ângelo, com um exemplar de As veias abertas da América Latina.
    Por que eu sei isso? sei lá... eu estava na inauguração, e fui testemunha até do troco.

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  3. Prezado Aldyr: Mários jamais deveriam morrer, deveriam ficar atrás de algum cômodo da casa, ou ser alocado em alguma cripta e ficar adormecido por uns cem anos, com possibilidade de retorno.
    Um abraço!
    Mário Ribeiro* (com o pulso ainda pulsando)
    * Pífio jogador de botão e pseudoblogueiro

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