Os americanos não brincam com coisas sérias.
Para eles, ideologia é artigo de primeira classe.
Por lá, ninguém diz asneiras do tipo “as ideologias acabaram”. Direita e esquerda são palavras corriqueiras, descritivas e incontornáveis. Os republicanos representam a direita. Os democratas, a esquerda, ainda que uma esquerda moderada.
Com americano não tem conversa fiada, enrolação e dissimulação… É ferro na boneca. Romney teve os votos de 60% dos brancos. Obama ganhou com votos de latinos, homossexuais, negros e outros grupos discriminados. Esses são os critérios de divisão da sociedade. Não tem discurso universalista fake capaz de esconder essa fratura social. É na lata. Na bucha.
No Brasil, essa divisão se repete com algumas adaptações. A direita é contra aborto, casamento gay, cotas, etc. Essas bandeiras eram do PP e do DEM, filhotes da ARENA, netos da UDN. Algumas delas passaram a ser do PSDB, que, nascido de centro-esquerdo, guinou, em certos temas, para a direita e até para extrema-direita, tornando o partido dos lacerdinhas, a UDN com gel no cabelo e muito ódio no coração, um partido que se crê à frente por se posicionar atrás do seu tempo.
Nem todo tucano, contudo, é reacionário. Cada partido tem um mote, uma maneira de se ver: o PSDB se vê como o partido da racionalidade e da modernidade. Era um gancho sensacional. Aos poucos, em busca de foco e de nicho eleitoral, tornou-se o “tea party” tropical, uma espécie de sucursal do ultraconservadorismo republicano, uma exacerbação ideológica do udenismo.
O PT se vê como o partido dos engajamentos sociais. Mas perdeu em republicanismo com o mensalão. O PMDB já não se olha no espelho. O PDT flutua sem saber para onde quer ir. O DEM é um fantasma em busca da reencarnação.
A eleição americana mostrou um embate entre o velho e o novo.
Pela primeira vez, um candidato não teve medo de perder votos conservadores e defendeu o casamento gay.
No Brasil, os marqueteiros mandam os candidatos esconderem posicionamentos polêmicos. O que pode ser novo é jogado para baixo do tapete. O diferencial é apagado, raspado, eliminado. Todo marqueteiro tem alma de conservador.
Neste blog, com pseudônimos ou não, há representantes do tea party. Todos os dias, incansavelmente, repetem os mesmos insultos, o mesmo discurso rastaquera, o mesmo besteirol ressentido e babando raiva ideológica, quase fascista, certas vezes, sempre simplista, pessoal, dicotômico, maniqueísta, um time melancólico de espíritos mesquinhos e obcecados.
Eu os projeto não os publicando para que não sejam expostos ao ridículo ou para evitar calúnias e difamações.
Vez ou outra, deixo passar algo em nome do humor.
São engraçados, virulentos, dignos de pena.
Defendem um mundo em decadência ou a decadência como mundo.
Usam uma retórica macartista, achando que sou petista, comunista ou marxista, esses rótulos do século XX, por não compartilhar seus pontos de vista anacrônicos e feios. É aquele tipo de gente que dissemina falsas notícias na internet: Forbes diz que Lula é bilionário, Dilma ficou com o cofre do Ademar para ela, essas lorotas de mentes atormentadas e tristes.
É o pessoal que odeia Cuba, não tanto pela ditadura, mas por ter tentado criar igualdade.
É aquele pessoal que quer cidadãos armados, prisões transbordando, um policial a cada 50 metros, mulheres pobres esterilizadas, jovens de classes desfavorecidas formados só em cursos técnicos, universidades para elites, ajuda estatal exclusivamente para produtores, banqueiros e ruralistas. É a turma que, apesar das nossas prisões abarrotadas, garante que há impunidade no Brasil, embora cometa todas as infrações de trânsito possíveis, faça seus contrabandos e tente sonegar um dinheirinho no imposto de renda.
Eu os perdoo. Mas como são chatos, repetitivos, doentios, cansativos.
Bah!!! o cabeção matou a pau, não tinha lido, não sei como ele pode ser amigo do Diogo Mainardi.
ResponderExcluirDevem falar sobre desvio na coluna dos cavalos marinhos.