No fim-de-semana passado estivemos em Porto Alegre. Eu, minha mulher e minha filha fomos ao Barra Shopping. Lá, momentos antes de sairmos, testemunhamos fatos dignos de envergonhar a torcida do Real Garcilaso.
Perto de onde fica um dos guichês para pagamento do estacionamento, em poltronas colocadas no centro do corredor, encontravam-se uns oito adolescentes e crianças que, pela aparência (cor, lógico, e roupas que vestiam), claramente não se enquadravam no "padrão xópim".
A presença delas foi o bastante para que, do nada, um segurança se postasse no acesso a uma loja de brinquedos. A ele, logo somou-se um outro. Mais adiante, uma moça, também da equipe (utilizando um walk-talk) se colocou, ostensivamente. Na porta de saída do prédio, provavelmente o chefe desse pessoal mostrava-se excitado com a situação, tratando com um subordinado, com certeza, da estratégia a ser usada para coibir eventual "rolezinho".
Quando, no pátio, chegamos ao nosso carro, por nós passaram dois dos adolescentes e uma das criança que eram objeto de toda aquela efervecência defensiva. Foram acompanhados de perto, por todo o estacionamento, até a rua, por outro segurança (que tripulava uma motocicleta).
Detalhe importante: TODOS os seguranças envolvidos no episódio eram negros ou mulatos. Certamente, quando mais novos, qualquer um deles que tivesse a ideia de visitar um desses locais destinados aos brancos, bonitos e cheirosos seria visto como potencial ameaça. Monitorado, constrangido, seria acompanhado até a saída, que ali não é lugar de negro, de pobre e de quem usa boné Nike falsificado.
Texto excelente! somos uma Soweto cínica, pra lá de hipócrita.
ResponderExcluirSchleezinho, boa, muito boa. Melhor do que teu texto talvez só a charge do Angeli, que, sendo engraçada na superfície, é terrível no fundo. Parabéns, amigo velho.
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