No dia 16 de julho de 1950, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, foi disputada a partida final da IV Copa do Mundo de Futebol. Toda a galáxia (menos, com certeza, os habitantes dos Estados Unidos da América do Norte) sabem qual foi o resultado desse jogo.
Faltando doze minutos para o encerramento da partida, um certeiro chute errado do ponteiro celeste traiu Barbosa, entrando entre o goleiro brasileiro e sua trave esquerda.
Tal ponteiro, Ghiggia, anteontem sofreu um acidente de trânsito nos arredores de Montevidéo. Ficou lastimado e teve de ser internado para tratamento em um hospital.
Há quase 62 anos, tivesse Juvenal, nosso zagueiro naquela final, atuado com a "determinação" do contemporâneo caminhão oriental e a narração de Jorge Curi, para a Rádio Nacional, nos seus fatídicos minutos, teria sido assim:
33 minutos - (Vibração da torcida) (...) vai cobrar Juvenal a falta contra a equipe do Uruguai. Prepara-se Juvenal. Ainda não cobrou. Demora-se bastante a cobrar o zagueiro, esperando que os seus companheiros se coloquem.Cobrou agora Juvenal. Direto, sobre a área. Salta Chico. Não alcança a bola. Mas ficou ainda no campo contrário. Cruzou à boca da meta! (Vibração forte da torcida) Aliviou Gambetta! Vem para Bauer. Bauer aparou o couro no peito. Tentou passar por um contrário. Atrasou para Jair. Jair então infiltra-se. Empurrou o couro. Defendeu Tejera. Voltou para Danilo. Danilo perdeu para Julio Pérez, que entregou imediatamente na direção de Míguez. Míguez devolveu a Julio Pérez, que está lutando contra Jair, ainda dentro do campo uruguaio. Deu para Ghiggia. Devolveu para Julio Pérez, (Vibração da torcida) que dá em profundidade ao ponteiro direito. Corre Ghiggia! Aproxima-se do gol do Brasil e... é atingido em cheio por Juvenal. Ainda fora da área, o zagueiro comete foul, como se fosse um caminhão desgovernado! Está expulso! O ponteiro do Uruguai sai também, desacordado! Está ferido na cabeça e com a perna direita quebrada!
(...)
45 minutos - (Grande vibração da torcida) Brasil 1x1 Uruguai! Apita o juiz! Brasil! Brasil! Brasil! Campeão Mundial de Futebol! (Foguetes)
*A "narração" (até o momento a aproximação da área brasileira pelo uruguaio) foi extraída do livro "Anatomia de uma derrota", de Paulo Perdigão (L&PM, 2000).
Juvenal evita o Maracanazo |
*A "narração" (até o momento a aproximação da área brasileira pelo uruguaio) foi extraída do livro "Anatomia de uma derrota", de Paulo Perdigão (L&PM, 2000).
Chute errado de Ghiggia ! o teu pai que vai "gostar" da tua narração, logo lembrei do Schlee que entrevistou o "carrasco" do Brasil.
ResponderExcluirEu me criei, Aldyr, ouvindo o pai defender o Barbosa, dizia ele que a bola só entrou porque o Ghiggia errou o chute, pois queria cruzar.
Pelo ângulo que se vê o lance, atrás do gol, não dá pra ver a distância, não há filmagem de cima (televisão) com o necessário distanciamento.
O acidente foi culpa do Juvenal da ficção, caminhão desgovernado, excelente tua associação.
Bom, e neste caso a Seleção Brasileira seria campeã mundial de 1950 e continuaria jogando com camisas brancas, não seria conhecida mundialmente como o escrete canarinho!
ResponderExcluirDigo mais, tal qual o Uruguai, o Brasil não ganharia mais nenhuma Copa do Mundo depois de 1950, o povo brasileiro dirigiria sua torcida para esportes mais próximos da identidade nacional, como o lacrosse, o beisebol e o golfe, afinal de contas este tal de futebol é um esporte para britânicos !
Oduvaldo Jr.
É como o filme Bastardos inglórios, que dá uma vontade de fazer uma ficção, ah, isso dá...
ResponderExcluirFala Professor...
ResponderExcluirTalvez se o Brasil tivesse conquistado a Copa de 50, não teria conseguido as outras conquistas com a "frustração de 50" como combustível. Ainda com o fracasso de 1954, o país teve que rever alguns conceitos do futebol daquele momento, que o fez ser uma potência e ainda ser respeitado. Se invertermos o sentido, o Uruguai depois desse campeonato naufragou em termos de conquistas. Viveu e vive ainda daquele jogo, onde era quase tudo "amador". Não tem como negar que foi uma grande "façanha", mas convenhamos, essa façanha somente tomou essa proporção pelo tamanho da nossa grandeza.
Abraço. Caju.
Gostei! Interessantes os argumentos do Caju e do Oduva quanto à lição de 50. Viva 50!
ResponderExcluirSempre tive a certeza de que foi um golaço do Ghiggia, só ele viu o menor canto do mundo para colocar aquela bola.
ResponderExcluirA cada 16 de julho, o pai vinha com sua teoria conspiratória do gol sem querer, ele era fã do time de 50 que a geração dos anos 40 idolatrava.
Foi preciso que eu nascesse um ano depois para resolver o enigma.
O segundo maracanaço está sendo gestado nas entranhas heroicas da terra de General Don Fructuoso Rivera , Don "Pepe" Mujica ( o maior presidente latino-americano de todos os tempos ), do livro "El día en que el Papa fue a Melo" de Aldyr Garcia Schlee vergonhosamente roubado pelo filme "O banheiro do Papa" e de José Gervasio Artigas ( "Nada tenemos que esperar sino de nosotros mismos" ).
Arriba!!Celeste!!!
Ih, mais um quinta coluna!
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