quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Monumento à estupidez

I - A Fernanda tinha um tio (que já morreu). Irmão da mãe dela, o Tio Adão morava no Barro Duro, numa rua interna, sem pavimentação, transversal à avenida de entrada, longe da praia. A casa dele, um chalé, era cercada por árvores. Na frente, junto à janela do quarto, tinha um jasmineiro. Aconteceu que, de uma hora para outra, as árvores foram cortadas. A volta da casa e o pátio ganharam cimento, sob o argumento de que assim era mais fácil de manter tudo "limpo", sem mosquitos. E o jasmineiro? Também veio abaixo. É que, soube-se depois, o cheiro dos jasmins já estava enjoando a tia!

II - No nosso edifício, no jardim, havia duas árvores que se sobressaiam. Não sei de que espécie eram, mas acho que eram uns tipos de palmeiras, com folhas compridas e pontudas. Bonitas. Nelas os pardais se aninhavam todas as tardes. De manhã, cedo, já faziam uma movimentação muito legal. Essas árvores não estão mais lá. Dia desses acordei com o ruído de uma motosserra. Quando desci para sair, vi que um sujeito estava (imaginei) podando o galho mais alto de uma das árvores, que já alcançava uma das janelas do apartamento do primeiro andar. Ao retornar encontrei os restos das árvores na calçada, esperando para dali serem retiradas e atiradas em qualquer lugar. Justificativa da síndica: estavam muito altas, podendo cair ou causar problema se encostassem nos fios de alta tensão. Depois disso, nos cotocos foi esparramado sal grosso, para garantir a morte dos vegetais, evitar que, de alguma forma pudessem - sei lá como - renascer.

III - Resta agora, na frente de um edifício da Rua General Osório, em Pelotas, o monumento que aparece na foto. Como um Tiradentes degolado e esquartejado, foram-se as duas árvores. E para que nada onde estavam floreça - como com as coisas do mártir fizeram - salgaram o que ficou!

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