terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O nosso jogo


                           Lá em 1977 eu estava no último ano do colégio. Meu 11º ano de Santa Margarida. Aproximava-se o vestibular (e eu nem sabia ainda para que curso faria a prova no início do ano seguinte). O engraçado é que, numa perspectiva de agora, isso parece assustador. Na época não era! Não me lembro de nervosismo, ansiedade, cagaço por causa dessa indefinição. Nada!
                           Da metade do ano em diante eu e dois colegas, o Sergio e o Claudinho, passamos a estudar para o vestibular. Cursinho? Não. Em casa, com o pai. Duas ou três tardes por semana, algumas horinhas. Só português, literatura, redação e "conhecimentos gerais". Era muito bom! Dava gosto!
                           Além disso, aproveitando o resto dessas tardes, batiamos uma bolinha no jardim/calçada da frente de casa. A cerquinha de ferro, limite entre o jardim e a calçada, servia de rede. Daí que criamos provavelmente o futvôlei! O problema é que o Claudinho jogava demais e ganhava sempre. Aliás, sempre também tive certeza de que se ele tivesse virado um "profissional da bola" tinha ido muito longe (pelo menos mais do que às proximidades da rodoviária, no Satte Alam, onde é o homem de confiança do Cacá há anos).
                           Mas, muito mais importante do que a criação do futvôlei foi outra invenção a essa contemporânea: a do FUTSENSE (como, posteriormente ficou na família conhecido o jogo batizado originalmente como "Futebol Sensacional"), baseado livremente noutros então existentes: o tradicional "Banco Imobiliário" e o "Ludopédio" - do Chico (é, o Chico Buarque de Hollanda!). Eu e o Sergio, o Monstro (apelido que ganhou porque sabia muuuito de biologia, eu acho), construímos, cada um, a sua versão.
                           Desde então, passadas décadas, sempre que é possível - em encontros entre os primos - a proposta de uma rodada de Futsense nunca é desprezada. Então as cartas dos jogadores, dos técnicos e das surpresas são colocadas nos seus devidos lugares no tabuleiro (hoje desbotado) e o "dinheiro" é distribuído. Rola o dado e quem joga volta no tempo, comprando o Nelinho, vendendo o Rodineli, trocando o Beto Fuscão pelo Osni e pelo Oberdã. As regras - "consuetudinárias" como as leis da Inglaterra - são do conhecimento público (ou seja, nossas: minha, do meu irmão (grande aficionado!), dos nossos primos e, agora, dos sobrinhos). Ah, minha filha também conhece o jogo desde pequeninha (ao qual, de ouvir falar, chamava de "Futciência").
                           Mais de uma vez iniciei a modernização do Futsense. Novo tabuleiro, novas cartas - com jogadores atuais. O projeto inclui a digitalização de tudo. Moderno, bonito... Nunca fui adiante.
                           Acho que vai ficar como está, como uma lembrança bacana, de um tempo bacana. (PS: isso foi meio Caetano!)

Um comentário:

  1. Uma outra versão desse "Cursinho", a "Relâmpago", realizada 48 horas antes do vestibular, ajudou muito os meus filhos a passar sempre de primeira... A sentença inicial era mais ou menos assim: "Esqueçam tudo, o que vocês devem saber é que..."

    ResponderExcluir