Alguém se lembra de um "afresco" (epa!) que existia na parede dos fundos da finada pastelaria Estrela do Mar, lá na beira da praia do Laranjal? E de outro, na parede lateral, do lado direito, ao alto, no restaurante Cruz de Malta (o da Avenida)?
Na pastelaria, pintada à óleo, reinava incólume - anos a fio - a figura de uma banhista, de biquíni, sentada lateralmente sob uma árvore do balneário. Uma das pernas da moça estava estendida e outra encolhida. Pobrezinha, será que mantinha aquela perna encolhida por que, se a estendesse, teria quase o dobro do comprimento da outra?
Já no Cruz de Malta, a bucólica cena, também pintada em vivas cores de tinta à óleo, tinha no centro um gaúcho sentado em um toco, cortando com sua afiada faca algo que pendia da própria boca. Seria um naco de churrasco ou sua guasca língua?
Nenhuma das duas pinturas sobreviveu ao tempo. Aliás, nem mesmo o sobrado da pastelaria resistiu (foi substituído por uma casa modernosa, recentemente). O Cruz de Malta ainda está aí, bravamente, porém, quando, há alguns anos, houve a troca de seus proprietários, o prédio teve seu interior "repaginado" (o que começou com a "monocromatização" das paredes).
Os mistérios ficarão para sempre na memória de quem cresceu vendo aquelas singelas obras (de autoria do Julinho dos Anjos, reza a lenda). Ninguém as fotografou (celulares com câmeras digitais não foram contemporâneos da claudicante veranista e do gaúcho autofágico).
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A precária foto acima foi batida hoje, com a câmera do meu celular.
Captou parcialmente o mural que ainda se encontra decorando parede
de prédio abandonado, na Osório (ao lado da escola de ballet da Dicléia),
onde funcionou o "Bolicho do Gaudério".
Aproxima-se, no estilo bucólico-grotesco, às pinturas rememoradas no texto.
E, como as outras, deixa uma questão no ar: o que terá assustado o tordilho bundudo? |