quinta-feira, 25 de julho de 2013

Amém, porra!

Neste momento em que o Papa visita o Brasil, a mim parece que está todo mundo meio que em transe. Loucura geral atrás do "Supra Sumo Pontífice". Jovens de todas as partes do mundo, sorridentes, sob chuva, cantando hinos simplórios e louvando Nossa Senhora e o diabo-a-quatro (força de expressão, é claro). Todos prometendo que somente experimentarão sexo depois do casamento e baboseiras tais quais essa. 

Já vinha observando, nos jogos decisivos do Atlético pela Copa Libertadores, as imagens dos torcedores presentes no estádio mineiro a rezar convulsivamente, seguindo o patético exemplo do técnico do time, o Cuca (que ficava beijando um rosário, um escapulário ou um patuá dessa natureza nos momentos mais decisivos dos jogos). Aliás, na expectativa de agradar ao Divino - e, com isso, ser automaticamente beneficiado na Terra - Cuca vestia uma camiseta preta com a estampa da Virgem Maria no peito.

Hoje li uma postagem no Facebook em que alguém agradecia a Deus pelo fato de dispor de uma casa quentinha, roupas e cobertas aconchegantes, além de uma família para protegê-la.

Beleza! Thank God! Então tudo é uma questão de individualidade. Se eu abanar para o Papa tudo vai dar certo para mim. Se eu pedir "com fé", vou patrolar meus adversários. E, evidente,  vencerei o inverno com calorzinho em casa.

E os outros, negadinha? Os que fizerem sexo antes do casamento (mesmo que isso não tenha atrapalhado a cerimônia)? Os paraguaios que jogaram contra o Atlético do Cuca? E os que sentem frio, os sem-lareira? Deus é ruinzinho com eles, né?

terça-feira, 23 de julho de 2013

Capitalismo

      Detroit está uma Boston!      
"Se está assim agora, imagina na Copa do Mundo!"

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Mais sexo, menos rugas*

Durante dez anos Dr. Henry dedicou-se
de corpo e alma à pesquisa,
período no qual ficou sem ver a cor da bola.
Um estudo do Hospital Real de Edimburgo, na Escócia, revelou que pessoas com vida sexual ativa representam ter de cinco a sete anos a menos do que sua idade real.
Henry O'Gaddon, ex-diretor de psicologia do hospital, estudou por dez anos a vida sexual de homens e mulheres de diversas idades.
Constatou que aqueles com aparência jovial faziam em média 50% mais sexo do que os demais. A explicação biológica estaria na liberação de hormônios como a endorfina (que diminui o estresse e a ansiedade e combate a insônia) e o hormônio do crescimento (que aumenta a elasticidade da pele, reduzindo rugas). Além disso, sexo é atividade física, queima calorias e melhora a circulação.

*Artigo publicado nA Saúde da Mulher (edição de julho/13) 

sábado, 13 de julho de 2013

Falsas são as proparoxítonas

desatenta,
com a cabeça no seu clítoris,
perguntou a moça ao tabelião:
 - assino ou meto a rúbrica?

(Homenagem a Alvarenga e Ranchinho)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

12 de julho

O tucano Luiz Henrique Vianna propôs, a Câmara aprovou e o "prefeito-bonitão" (de acordo com o DP, claro) sancionou: por lei, neste 12 de julho passamos a comemorar o Dia do Poeta Pelotense.

Constata-se, com essa oportuna iniciativa, que os edis locais estão atentos ao "clamor das ruas".

O próximo passo na senda de homenagens aos poetas desta terra será convencer o Conselho Deliberativo do Esporte Clube Pelotas a alterar o nome do estádio áureo-cerúleo, o qual deverá ser rebatizado de Boca do Lobo da Costa.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Mix chic

Enquanto se lamenta o incêndio ocorrido no Mercado Público de Porto Alegre, aqui em Pelotas nosso Mercado teve seus portões de ferro reabertos, depois de longo período de inatividade devido às obras de reforma do bonito prédio. Entretanto, somente três bancas encontram-se ocupadas: uma por um barbeiro, outra pela associação das doceiras e a terceira por uma peixaria. O resto... fechadas. Natural: a fim de evitar que o populacho voltasse a tomar conta daquela zona de comércio, a Prefeitura colocou os valores das luvas, dos alugueis e das taxas de condomínio lá em cima. Não quer venda de sapatos vagabundos, de artigos de umbanda, de pratos feitos, de cachaça, dessas coisas pobres por lá. Como disse o Secretário  Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Fernando Estima, em entrevista à RBS, "foi difícil fazer a limpeza no Mercado Central, agora não vamos deixar voltar a ser o que era". Que venham as "micro e pequenas empresas", a fim de que, definitivamente, se transformem em boutiques e bistrôs as tradicionais bancas do Mercado. Que se lixem os sujos, feios e malvados. A eles, o gueto aí.



quarta-feira, 10 de julho de 2013

Três tigres: Mariana, Aquino e Leonard


O lindíssimo felino aí é uma das quarenta ilustrações feitas pelo Alfredo Aquino especialmente para o livro "Breves Anotações Sobre um Tigre" (Ed. Ardotempo), da jornalista, poetisa e escritora Mariana Ianelli. O livro contém exatamente quarenta crônicas (em prosa poética) publicadas originalmente no site literário Vida Breve. Ganhei o livro domingo passado, do próprio Aquino, que é pai de Mariana (e editor dela e do meu pai). Muito bom! Entre os textos, selecionei o seguinte para aqui compartilhar, eis que dedicado a um mito contemporâneo que a mim agrada - e intriga - muito.

Quem é Leonard Cohen


Leonard Cohen era ainda um menino quando foi seduzido por essa mulher de sensualidade litúrgica, pestanas orvalhadas e perfume de vinhas floridas. Devia ter oito ou nove anos quando isso aconteceu, quando a poesia desabou sobre ele dentro de uma sinagoga em Montreal. Desde muito cedo pensou que podia ser escritor, mas nunca esteve absolutamente seguro disso. Foi assim que se mudou para a torre da Música, duvidando sempre. Foi assim que se viu atado a uma mesa, fadado a esperar por anos a fio até encontrar a palavra certa, o verso perfeito, porque essa era a sua religião.

Poeta, monge, cantor, amante são títulos que dizem pouco sobre Leonard Cohen. Melhor dizer que ele já abdicou de muitas coisas, que elegeu um país solitário e içou uma bandeira branca, que discutiu com a Eternidade e uma vez se deitou com uma mulher de ancas infantis em um quarto em Los Angeles. Que adormeceu a meio de um salmo, jejuou em segredo e foi um dos filhos da neve, esse mesmo filho que depois dos cinquenta teve saudades da mãe e desejou levá-la para a Índia e vê-la maravilhar-se com a cinza do Mar Arábico.

Leonard Cohen é esse homem pouco nostálgico, que não pode ser confortado nem guarda remorsos, o que teve o coração desfeito e ficou acordado a noite inteira pensando em alguma forma de beleza. É esse homem que afundou feito uma rocha, que raspou a cabeça, envergou uma túnica e agiu generosamente mesmo remoendo de ódio por dentro. É esse admirador das belas mulheres de Bombaim, o que espera que haja música no Paraíso, o pequeno judeu com sua Bíblia, que escreve sobre as sombras do Holocausto e sobre uma nuvem em forma de cogumelo, aquele que ama Joana d’Arc como uma de suas últimas mulheres.

Leonard Cohen é o estrangeiro que navega numa barca de asas mutiladas, o que compõe um longo poema chamado Isaías, o apaixonado que, mesmo tendo esquecido metade da sua vida, ainda se lembra das coxas de uma mulher escapando das suas mãos como cardumes de peixes assustadiços. É esse homem que uma vez sentiu o seu corpo tão cheio de ternura que se dispôs a perdoar a toda gente. Esse poeta que escreveu durante anos poemas em uma mesa entre ervas daninhas e margaridas no fundo de uma casa em uma ilha do mar Egeu. Esse amante da lua que já tentou remover com seus óleos o feitiço do rival sobre a memória da namorada.

Leonard Cohen canta para o vento porque o vento é amigo do seu espírito de pluma. Ele sabe que os insetos são como os místicos por mal distinguirem entre vida e morte. Sabe que as possibilidades estão aí para serem derrotadas. Sabe também que o seu tempo está se esgotando e que nunca entenderá completamente esse vale de lágrimas. Não espera vitória nem honrarias. Conhece muito pouco do seu próprio nome. Um dia reuniu suas partes todas em torno de uma súplica, desejou morrer na cruz por um amigo, hesitou entre abandonar um amor e acompanhar os peregrinos, deixou sua túnica pendurada no gancho de uma velha cabana de um mosteiro e levou uma mulher até a beira do rio para amá-la, como qualquer outro homem teria feito.

Leonard Cohen está sentado debaixo de uma janela onde a luz é intensa. Está muito perto das coisas que perdeu e sabe que não terá de perdê-las novamente. É esse homem que melhor se sente quanto menos sabe quem é. Esse que agora sobe ao palco para cantar, no auge dos seus setenta e seis anos, com seu chapéu de feltro e seu terno impecável, provando que ainda existe neste mundo uma nota de elegância. Que ainda existe alguém que sente e pensa com elegância. Isso ele nos diz sem palavras, com um sorriso de doçura, apenas.

E.T.: o tigre que ilustra a postagem foi "escaneado" da Zero Hora (coluna "contracapa" de 1º/7). No livro não aparece colorido (em razão da proposta gráfica da obra, evidentemente).  

34 anos depois (por Pedro Jaime Bittencourt Jr.*)

Em novembro de 1978, na Rua Botafogo, Bairro Menino Deus, em Porto Alegre, teve início o caso que ficou conhecido como “sequestro dos uruguaios”, acontecimento que ganharia repercussão internacional nos anos subsequentes.

Em 1979, o Governador Sinval Guazelli, da Arena (Aliança Renovadora Nacional, partido dos militares golpistas de 1964), esteve em visita à Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas, trazido pelo então Diretor daquela instituição, Prof. Silvino Joaquim Lopes Neto.

O sequestro de Lilian Celiberti e Universindo Diaz, ativistas políticos do Uruguay, refugiados no Brasil e retirados a força da sua residência na Capital do Estado, tornou-se célebre em toda a América do Sul, por se tratar do primeiro caso, quiças o único, devidamente comprovado do “colaboracionismo” militar existente entre os regimes ditatoriais do Cone Sul, visando a captura e “troca” dos refugiados políticos no Brasil, no Uruguai, na Argentina, no Chile e no Paraguai, dentro da chamada “Operação Condor”.

Com a manobra, os regimes de exceção impediam que os ativistas políticos de qualquer um desses países pudessem colocar-se a salvo das forças policiais de outro, o que implicou em prisões arbitrárias, na tortura e na morte de um sem número de pessoas ao longo dos anos 1970.

Sequestrados os uruguaios, e levados à pátria oriental pelas forças repressoras que faziam parte da Operação Condor (policiais do Brasil e do Uruguay que trabalharam juntos no caso), tiveram início alguns movimentos de protesto no país inteiro.

A vinda do Governador a Pelotas, viria a proporcionar uma rara possibilidade de indignação diante do crime consumado pelo Estado, ainda que não fosse seguro a ninguém protestar naqueles idos de 1979, quando, diga-se de passagem, muitos dos arautos da democracia de hoje eram meros sabujos dos ditadores da época.

Sem saber ao certo o que fazer, nós, jovens estudantes da UFPel, fomos até as escadarias da Faculdade de Direito esperar pelo Governador; de repente, um grupo tomou a dianteira e passou a receber o Guazelli com calorosos abraços e prolongados apertos de mão, entusiasmando a autoridade maior do Rio Grande do Sul.

A turma da qual eu fazia parte – um grupo de não mais que quatro ou cinco estudantes – ficou atônita, mas uma coisa nós já havíamos decidido: não cumprimentaríamos o Governador do Estado sob hipótese alguma, seria a nossa forma de “protesto” contra a presença dele na Cidade e na própria instituição.

Para surpresa geral, entretanto, o Ângelo Alfonsin “Zanatta”, um dos mais agudos do nosso grupo, resolveu fazer diferente, e espichou a mão para cumprimentar o Guazelli. Perplexos, nós pensamos que ele havia enlouquecido, afinal era um dos “nossos”, e estava agora de braço estendido para o Governador.

Percebendo a proposta de cumprimento, o Guazelli também ofereceu a mão para cumprimentar o Ângelo, que, ato contínuo e surpreendentemente, recolheu o próprio braço, desferindo a frase que me acompanha todos esses anos: – Eu só vou te apertar a mão no dia em que tu me devolveres a Lilian e o Universindo – disse, para espanto e constrangimento do visitante, que, puxado pelo Diretor, se encaminhou rapidamente para o interior do prédio da Faculdade, tentando se livrar do mal-estar causado pela expressão e pela reação do nosso pequeno grupo.

Pois na sexta-feira passada (28/06), no prédio dessa mesma Faculdade de Direito da UFPel, mas no auditório, não nas escadarias, eu pude conhecer a Sra. Lilian Celiberti e contar-lhe essa pequena história; a história de um gesto simples, mas que, como tantos outros que ocorreram no mundo inteiro, serviu para denunciar o arbítrio do Estado-sequestrador, sendo suficiente, na palavra da própria Lilian, para salvar-lhe a vida e trazê-la novamente, como cidadã livre, ao nosso País, onde atualmente acontecem centenas de protestos democráticos, agora, 34 anos depois...

Pedro Jaime e Lilian, na nossa Faculdade, 34 anos depois,
sob os olhares do Bruno, do Delfim e da Gilda
*Pedro Jaime é um velho amigo, desde a época em que estudamos juntos, no 2º Grau do finado Santa Margarida. Depois, fomos contemporâneas na Faculdade de Direito. De Arroio Grande, é Xavante e tem o Tino como referência futebolística. Aliás, é autor de "O 'Clássico' - Uma História de Paixão", sobre o futebol de sua terra, bem como responsável pelo excelente blog Auto Retrato (http://autoretratopedro.blogspot.com.br/).

A alternativa (por Luis Fernando Verissimo)

Iotti
Envelhecer é chato, mas consolemo-nos: a alternativa é pior. Ninguém que eu conheça morreu e voltou para contar como é estar morto, mas o consenso geral é que existir é muito melhor do que não existir. Há dúvidas, claro.

Muitos acreditam que com a morte se vai desta vida para outra melhor, inclusive mais barata, além de eterna. Só descobriremos quando chegarmos lá. Enquanto isto vamos envelhecendo com a dignidade possível, sem nenhuma vontade de experimentar a alternativa.

Mas há casos em que a alternativa para as coisas como estão é conhecida. Já passamos pela alternativa e sabemos muito bem como ela é. Por exemplo: a alternativa de um país sem políticos, ou com políticos cerceados por um poder mais alto e armado.

Tivemos vinte anos desta alternativa e quem tem saudade dela precisa ser constantemente lembrado de como foi. Não havia corrupção? Havia, sim, não havia era investigação para valer. Havia prepotência, havia censura à imprensa, havia a Presidência passando de general para general sem consulta popular, repressão criminosa à divergência, uma política econômica subserviente e um “milagre” econômico enganador.

Quem viveu naquele tempo lembra que as ordens do dia nos quartéis eram lidas e divulgadas como éditos papais para orientar os fiéis sobre o “pensamento militar”, que decidia nossas vidas.

Ao contrario da morte, de uma ditadura se volta, preferencialmente com uma lição aprendida. E, se para garantir que a alternativa não se repita, é preciso cuidar para não desmoralizar demais a política e os políticos, que seja.

Melhor uma democracia imperfeita do que uma ordem falsa, mas incontestável. Da próxima vez que desesperar dos nossos políticos, portanto, e que alguma notícia de Brasília lhe enojar, ou você concluir que o país estaria melhor sem esses dirigentes e representantes que só representam seus interesses, e seus bolsos, respire fundo e pense na alternativa.

Sequer pensar que a alternativa seria preferível — como tem gente pensando — equivale a um suicídio cívico. Para mudar isso aí, prefira a vida — e o voto.

*Crônica publicada na ZH de 1º de julho

Em um dia os jornais do Brasil inteiro publicaram o resultado de uma pesquisa que indicava o nível, altíssimo, de satisfação da população com o governo da presidente Dilma. A mesma pesquisa informava que, em situações diversas, com candidatos de oposição diferentes, Dilma seria reeleita no 1º turno. Mais que isso, apontava que, na hipótese de Dilma não concorrer à reeleição, Lula seria levado pelo voto, sem necessidade de 2º turno, novamente à presidência.

Pronto! Os descontentes "com tudo isso que está aí" foram às ruas. Sem lideranças explícitas (mas superimplícitas), sem bandeiras, sem partidos...

Golpistas de todos os tipos, saudosos da ditadura, aproveitam os ingênuos/babacas "redessocialistas" para lançar "propostas" do tipo "pelo fim da Câmara e do Senado". Aí, na hora de votar, optam pelo candidato bonitinho...

ET: o Pastor Malafaia bota mais gente na rua que todos os "V de Vingança" juntos. Shame!

domingo, 7 de julho de 2013

Paus mandados


Anteontem, 4 de julho, os Estados Unidos comemoraram sua independência da Inglaterra, ocorrida em 1776.

Na véspera, 3 de julho, França, Portugal, Espanha e Itália, atendendo pedido do governo norteamericano,  não permitiram que o avião oficial da Bolívia, que conduzia o presidente Evo Morales de Moscou para la Paz, pousasse ou sequer cruzasse seus respectivos espaços aéreos. Justificativa, a aeronave poderia estar transportando o "procurado" Edward Snowden (atual inimigo público nº 1 do país de Obama).

A Áustria  (que nos legou Adolf Hitler, Arnold Schwazenegger e Sissi, a Imperatriz) acabou permitindo o pouso do avião para reabastecimento, condicionando isso a uma ampla revista no aparelho (que - importante que se diga - não transportava Snowden).

Esses países europeus não têm independência a comemorar.